Para continuarmos  a fazer jornalismo independente dos políticos e da vontade dos anunciantes o @Verdade passou a ter um preço.

Como, graças a Lula, o Brasil descobriu África

Luís Inácio Lula da Silva, o carismático líder de um dos maiores países da América Latina, revolucionou as relações entre o Brasil e o continente africano.

Quando daqui a pouco tempo – no dia 1 de Janeiro de 2011 – o Presidente brasileiro entregar o poder ao seu sucessor, sem dúvida que terá dado uma nova dimensão às relações entre o seu país e África. “Visitei 27 países africanos”, declarou recentemente, “mais do que todos os chefes de Estado brasileiros ao longo da História.”

Efectivamente, desde a independência, em 1822, os dirigentes do maior país da América Latina muito raramente puseram os pés no outro lado do Atlântico sul. Em oito anos, Lula quintuplicou o montante das relações comerciais, que passaram de 5 biliões de dólares em 2002 para mais de 26 biliões este ano de 2010, mas sobretudo encorajou as empresas brasileiras em investir em infra-estruturas.

Até meados do século XX, o Brasil só possuía uma embaixada na África subsaariana. Porto de escala dos navios mercantes entre a Europa e a América do Sul, Dacar (Senegal) havia sido escolhida por razões geográfi cas evidentes.

Nos outros países não existia sequer uma representação diplomática ou comercial. No entanto, os 4,5 milhões de escravos deportados em terras brasileiras marcaram profundamente este país de língua portuguesa contribuindo largamente para o seu desenvolvimento.

Foi preciso esperar até 1961 para que o Presidente Jânio Quadros nomeasse um embaixador negro para o Gana. Encorajados, os brasileiros fundaram então uma câmara de comércio Brasil-África. Todavia, sem sucesso.

Quando em 1964, através de um golpe, os generais brasileiros tomaram o poder, compreenderam a importância estratégica do Atlântico sul – estava-se então em plena guerra fria – e elaboraram uma doutrina favorável à estabilidade política entre ambas as partes do oceano.

Foram eles os primeiros no mundo ocidental a reconhecer o governo marxista do MPLA em Angola, enquanto, em casa, perseguiam e prendiam os comunistas.

Os livros escolares destinados aos africanos lusófonos começaram a ser impressos no Brasil.

No arquipélago de Cabo-Verde, o método revolucionário de alfabetização do pedagogo Paulo Freire vigorava nas escolas, desde a independência. Posteriormente, algumas empresas brasileiras começaram a entrar na África subsaariana.

Mas tudo mudou com Lula, que, desde o início do seu mandato, fez claramente saber que África era uma das prioridades da sua política externa. “Temos raízes neste continente, renovemos a nossa identidade nacional”, declarou.

Lula abriu nos seus dois mandatos mais de 15 embaixadas e encorajou as empresas brasileiras a investir em África, dando prioridade aos cinco países lusófonos. Recentemente, as autoridades moçambicanas deram luz verde à sociedade Camargo Corrêa para a construção da barragem de Mphanda Nkuma, no rio Zambeze.

Entre as primeiras cinquenta empresas de construção mundial, a Odebrecht, que emprega 129 mil trabalhadores, foi encarregada de realizar importantes obras em diversos países africanos. Quanto à Petrobrás, a petrolífera estatal, esta temse sobretudo interessado pela prospecção off shore.

Ao invés dos chineses, que deslocam do seu país milhares de operários, os brasileiros empregam mão-de-obra local, sob a direcção dos seus engenheiros.

As relações com a população dos países onde se instalam e com as autoridades são amistosas. Há pouco, Brasília assinou acordos de cooperação técnica. Um dos mais importantes diz respeito ao melhoramento da qualidade de algodão em quatro países francófonos: Benin, Burquina Faso, Mali e Chade.

Os brasileiros estão, assim, cada vez mais a entrar em África. Doravante, é preciso contar com eles. Em todos os domínios.

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Related Posts

error: Content is protected !!