Depois de, há cerca de duas semanas, o país ter recebido aos pedaços o relatório da 3ª Avaliação Nacional da Pobreza & Bem Estar em Moçambique, elaborado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), na manhã desta quarta-feira, mais um relatório foi publicado, em Maputo.
Desta vez o relatório é do Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional (SETSAN) e, contrariamente ao relatório do Instituto Nacional de Estatística, este diz que há avanços significativos em matéria de segurança alimentar e nutricional no território nacional. Reconhece, contudo, que há regiões do país que continuam a passar por uma situação crítica caracterizada por falta do mais básico produto alimentar.
O relatório do INE (que tanto o governo escondeu a sua divulgação pública), recorde-se, referia que as províncias de Nampula, Zambézia, Manica e Sofala tinham registado um aumento considerável dos índices de pobreza absoluta nos últimos dois anos.
De acordo com os dados desse relatório (Inquérito aos Orçamentos Familiares) realizado entre Setembro de 2008 a Agosto de 2009, que recolheu informações de despesas alimentares e não alimentares ao nível de 10832 agregados familiares das zonas rurais e urbanas ao nível nacional, a província da Zambézia registou maior aceleração dos níveis da pobreza, tendo saído de 44.6% em 2003, para 70.5% em 2009.
Depois desse relatório veio o Índice da Fome no Mundo 2010, também a colocar Moçambique, Guiné Bissau e Angola como os mais famintos, no que diz respeito aos países africanos falantes do português. No global, a lista inclui um total de vinte e cinco estados que têm um nível de fome “alarmante”. A lista inclui países como o Zimbabué, Togo, Iémene, Sudão, Ruanda, Haiti, Serra Leoa ou Etiópia.
O índice de fome, feito pelo Instituto Internacional de Pesquisa sobre Políticas Alimentares, é calculado através de três indicadores: a taxa de mortalidade infantil, o baixo peso infantil e a proporção de população subnutrida. Relatório do SETSAN O relatório do SETSAN, ontem divulgado, indica que durante o período que vai de Agosto de 2009 a Agosto de 2010, Moçambique registou uma melhoria considerável em matéria de segurança alimentar.
Levado a cabo pelo Ministério de Agricultura em parceria com a Save the Children, o inquérito que foi efectuado em 63 distritos abrangendo mais de 3000 agregados familiares, aponta que, no geral, a cesta básica de uma família de cinco membros registou uma melhoria de cinco por cento quando comparado com o período de 2007 e 2008.
Segundo o estudo, no período de 2009 a 2010, a campanha agrícola foi favorável devido as condições meteorológicas e disponibilização de sementes e outros factores de produção, o que terá contribuído para o aumento da produtividade e o consequente acesso a alimentos. Outros factores que fortaleceram a segurança alimentar neste período, segundo o vice -ministro de Agricultura, António Limbau, tem a ver com os métodos usados na prática da actividade agrícola.
