O antigo ministro da Informação e secretário do Trabalho Ideológico da FRELIMO, Jorge Rebelo, considerou, esta terça-feira, em Maputo, a produção de bens alimentares como “um desastre total”. Rebelo justificou a sua afirmação dizendo que isso se devia ao actual nível de custo de vida “que é insuportável”, indagando-se em seguida das razões desta situação “num país com um excelente potencial agrícola, mas a produzir menos do que precisa”.
Falando durante uma palestra alusiva às celebrações dos 24 anos do acidente aéreo de Mbuzini, que vitimou o primeiro Presidente da República Popular de Moçambique, Samora Moisés Machel, e a sua comitiva quando voltavam de uma missão de paz, na Zâmbia, Rebelo criticou também o estado actual da Indústria considerando-a de “inexistente”.
“Nesta área não existe política de fiscalização”, rematou, dando exemplo do baixo peso do pão que é produzido em Moçambique e indagando-se sobre o que o sector da Indústria está a fazer contra o facto.
Cartões pré-pago & pobreza
O antigo ideólogo da FRELIMO também não poupou críticas ao actual Governo, praticamente no seu todo, por propalar que os níveis de pobreza estão a reduzir em Moçambique. “Como afirma estarem a reduzir se estatísticas oficiais do INE (Instituto Nacional de Estatística) indicam o contrário?”, questionou o antigo conselheiro de Samora Machel, que também se mostrou decepcionado com os baixíssimo níveis de cultura geral que se assistem na camada juvenil moçambicana.
Quanto ao registo obrigatório dos números dos cartões da telefonia móvel celular ora em curso até 15 de Novembro próximo, Jorge Rebelo indicou ser a medida governamental “desnecessária e inútil”, alegadamente, porque o Executivo só arrancou com o processo logo após as manifestações dos dias 1 e 2 de Setembro de 2010. “As manifestações tinham a ver com o elevado custo de vida e não outra coisa qualquer contra o Estado moçambicano”, apontou Rebelo, falando perante membros do chamado Parlamento Juvenil e da Liga Moçambicana dos Direitos Humanos (LDH).
Ivo Garrido
Já quanto à sua reacção à recente remodelação governamental, Rebelo disse que o Presidente da República “cedeu às pressões dos doadores externos ao exonerar, por exemplo, o ministro da Saúde, Paulo Ivo Garrido, porque ele estava a combater a corrupção e não havia motivos para o tirar”.
Disse que o Governo deve “deixar de andar com a mão estendida” para fora do país “e trabalhar arduamente” contra a corrupção, pobreza e outros males que enfermam o país.