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Danúbio vermelho

Danúbio vermelho

Era uma vez um linda cidadezinha cheia de casinhas brancas, hortas, pomares e alpendres com vasos de flores. Até o nome era de conto de fadas: Kolontár. A maré vermelha que engoliu Kolontár mais três localidades do interior da Hungria foi pior ainda que um desabamento de terra.

Cheirava mal, queimava e entranhava-se até na alma por causa da soda cáustica, do óxido de ferro e de mais um manual inteiro do tipo de resíduos industriais que movem a civilização, e que em Moçambique podemos encontrar similares na fundição de alumínio Mozal.

A expressão de desalento de Tunde Erdelyi, a jovem que voltou para casa só para resgatar a gata, dava uma ideia do susto e da sensação de impotência. Uma banda inteira de metais pesados veio do reservatório de uma usina de alumínio, que transbordou e avançou sobre uma região de 40 quilómetros quadrados e desaguou num rio afluente de um afluente do rio Danúbio.

Em poucas horas, a gosma vermelha chegava ao gigante que começa na ponta inferior da Alemanha e desliza por 3000 quilómetros, belo azul como a valsa, até ao mar Negro.

Berço da civilização europeia, o Danúbio aparece em obras escritas, Homero e Hesíodo, como o Okeanos Potamos, o rio-oceano e, a primeira ponte sobre ele foi construída pelos romanos e admirada por gerações e gerações de turistas no coração de Roma.

Tingido de sangue nas inúmeras batalhas que forjaram a história da Europa, o Danúbio agora deixa o mundo vermelho de vergonha.

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