No papo:
– Eu não sei cozinhar.
– O quê? Não sabes cozinhar? – Ele está chocado, parece reflectir sobre o assunto, olha para o celular, olha para mim, pensa uns momentos e:
– Bom, mas podes aprender não é? A minha mãe pode te ensinar.
Em casa:
Eu não sei cozinhar. Mas sei misturar. Estou em casa e lavo umas coisas que depois misturo numa grande tigela, tempero, está feito! Ele chega, partilhamos a salada.
– Hummmmmm! Estava muito bom. Como anima chegar a casa e a namorada ter cozinhado para nós!
Na night com brada:
– Sim, tu és assim! Tuga, emancipada e feminista! Mania da independência vocês! Tu aceita moçambicano! Se não aceitas ir p cozinha não estás a aceitar africano por completo. –
Para cozinhar há empregada!
– Aaaaaaaaaaaaaaaaaah! Nada! Eu pelo menos final de semana não como comida de empregada!
No papo no bar:
– Sabes, eu sempre quis te conhecer.
– Ah é?
– Ya, tás com teus amigos, né?
– Ya.
– Ei, afinal são vocês? Mano como é tdo nice? ya…. ya…. Joana, falamos depois… xau.
Na disco:
– Joana, como é que tu demoras uma hora de tempo para ir no quarto de banho? –
Ei, você! Estás-me a controlar? –
Ah achas que estou? Então já agora quem é esse americano com quem falaste?
Conversa com brada moçambicano:
– Sim, eu conheço tugas! Eu vivi com uma portuguesa durante três meses e separámo-nos por causa da maionese!
– Da maionese?
– Minha vida com a portuguesa acabou assim! Ei, eu gosto de maionese! Ela pôs a mesa, e eu gosto de maionese nas minhas chips. Não tinha. Eu disse “Amor, tu sabes q eu gosto de maionese. Tu sabes. Porque não compraste, afinal?”
– Bem, esta estória da maionese! Desculpa m’lá!
– Não, mas tu não o conheces, ele gosta mesmo de maionese. Eu lhe conheço há maningue e sempre ele come chips e tem o frasco da maionese aqui mesmo ao lado.
– What? Mas a questão não é se ele gosta ou não! Se gosta pode comprar!!
Na night seguinte:
– Então, tua dama?
– Minha dama tá em casa, mas eu falei que vou sair só por uma hora.
– Mas já estamos aqui há 3horas.
– Sim, mas eu daqui a nada vou começar a preparar-me para quando chegar a casa ela me perdoar por eu ter demorado mais horas do que eu disse.
– Vais fazer mata-bicho e lavar na cama?
– Ei, eu não entro na cozinha!
Ao telefone com a brada sul-africana:
– Vamos ver um show hoje?
– You know… we can go, but my husband does not like me to go out…
– What? Mas e tu, gostas?
No concerto com a brada portuguesa:
– Sabes, eu já vou embora.
– Já? Mas amanhã é sábado!
– Sim, mas o meu marido já está a mandar mensagens.
– E então?
– Sim, está a pressionar-me, ele não está a gostar que eu esteja aqui.
– Mas e então? Tu estás a gostar?
– Sim, mas sabes, é melhor ir, eu vou mesmo para falar com ele, ele não me faz mais estas coisas.
Na rua com dama moçambicana:
– Aquilo que estamos a viver lá em casa ninguém há-de saber, cozinhar para ti? Eu posso. Lavar? Não tem problema. Mas agora, tua vida é tua vida, fazes o que tu quiseres. Saímos de manhã, até apanhamos mesmo chapa, mas saímos paragens diferentes, entendes né? Cada um na sua rota a partir d’agora.
Entendo o statement da mana, mas sabendo o que sei hoje na verdade acho que o que ela dá é tudo – cozinha e lava. Duvido que o damo se preocupe com a rota do chapa.
Entendo a estória da maionese, mas sabendo o que sei hoje o que me espanta é que tenha sido esta a razão do rompimento.