Nelson Mandela nunca quis ser presidente da África do Sul e preferia que uma pessoa mais jovem tivesse sido o primeiro líder negro do país, disse ele no seu novo livro. “Conversations with Myself” (Conversas Comigo Mesmo), de Nelson Mandela, será lançado esta terça-feira. No livro, o autor conta que a decisão de aceitar o cargo ocorreu apenas após pressão de lideranças do Congresso Nacional Africano (ANC). “A minha colocação como primeiro presidente democraticamente eleito da República da África do Sul foi imposta sobre mim contra meus próprios conselhos”, disse Mandela.
O livro de Mandela, compilado pela Fundação Nelson Mandela a partir de cartas pessoais, entrevistas e uma sequência ainda não publicada de sua autobiografia, contém um prefácio do presidente dos EUA, Barack Obama.
Mandela, de 92 anos, disse que teria preferido servir ao novo Estado sul-africano sem manter alguma posição no ANC ou no governo. Depois de assumir o cargo por ordem de um dos líderes do CNA, ele mudou de ideia, mas deixou claro que permaneceria por apenas um mandato de cinco anos.
A libertação de Mandela no dia 11 de fevereiro de 1990, depois de 27 anos nas prisões da era apartheid, deu início ao processo de transformação para a democracia. Assim, seguiram as eleições históricas de 1993 e a tomada de posse do primeiro líder negro do país.
Apesar da reconciliação entre negros e brancos ter sido a questão fundamental da presidência de Mandela, encerrada em maio de 1999, no livro, um dos temas mais marcantes é a preocupação de Mandela com a detenção de sua família.
No prefácio, Obama diz que a história é de um homem disposto a arriscar sua vida pelo que acreditava. “Ao oferecer esse retrato, Nelson Mandela nos lembra que ele não é um homem perfeito. Como todos nós, ele tem seus defeitos. Mas é precisamente essas imperfeições que deveriam inspirar cada um de nós”, disse Obama.