A dívida oficial de Moçambique a Portugal estimava-se em 318 milhões de euros no final de Dezembro de 2009, mais 31,42 milhões de euros do que um ano antes, revela o Banco de Portugal. Estes dados constam do relatório sobre a evolução das economias dos Países Africanos de Língua Portuguesa (PALOP) e Timor-Leste, e relações comerciais e balanças de pagamentos de Portugal com estes países, divulgado na última Segunda-feira, em Lisboa.
O mesmo relatório sublinha que Moçambique começou no ano passado a utilizar as linhas de crédito concessionais acordadas com Portugal em 2008 e 2009.
O Banco de Portugal acrescenta que, no conjunto, a dívida oficial dos países africanos lusófonos a Portugal aumentou 120 milhões de euros em 2009, totalizando 1,556 mil milhões de euros, devido sobretudo aos empréstimos a Angola garantidos pelo Estado português.
A dívida oficial (dívida directa mais dívida garantida pelo Estado) de Angola a Portugal aumentou 70,12 milhões de euros, para 989,32 milhões de euros (à taxa de conversão de Segunda-feira, já que os dados são apurados em dólares).
Este valor corresponde a 63,6 por cento do total da dívida oficial dos PALOP a Portugal em 2009. A dívida de Angola foi impulsionada, tal como em anos anteriores, pelo aumento dos empréstimos de médio e longo prazo garantidos pelo Estado português, refere o Banco de Portugal.
Angola começou, aliás, em 2008, a amortizar a sua divida directa, tal como estipulado no acordo de reescalonamento assinado em 2004 e que tinha um período de carência até fim de 2008.
A dívida de Cabo Verde aumentou para 123,3 milhões de euros, neste caso devido ao aumento da dívida directa ao Estado português, relacionada com novos desembolsos de empréstimos para infraestruturas rodoviárias.
A dívida oficial da Guiné-Bissau a Portugal aumentou para 97,8 milhões de euros, com acumulação de juros em atraso e devido à depreciação do dólar face ao euro.
No caso de São Tomé e Príncipe, manteve-se a dívida directa, mas o aumento da dívida garantida fez com que o total subisse para 27 milhões de euros.
A capital portuguesa acolheu na Segunda-feira o XX Encontro de governadores dos Bancos Centrais dos Países de Língua Portuguesa. No encontro, os governadores discutiram os principais pontos em agenda na assembleia geral do Fundo Monetário Internacional (FMI)/Banco Mundial, a decorrer entre os dias 8 e 10 de Outubro, em Washington, EUA.
Uma delegação constituída pelos ministros das Finanças, Manuel Chang, Planificação e Desenvolvimento, Aiuba Cuereneia, governador do Banco de Moçambique, Ernesto Gove, e quadros importantes destas três instituições participa na assembleia geral do FMI/Banco Mundial.