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Mourinho, o homem que não se cansa de ganhar

Mourinho

A carreira de José Mourinho como treinador principal começou há dez anos e, ironicamente, da maneira menos ajustada para ilustrar o seu trajecto vencedor. Foi com uma derrota (1-0) no Estádio do Bessa, frente ao Boavista, que o então técnico do Benfica iniciou, a 23 de Setembro de 2000, um percurso que uma década depois inclui 17 troféus e uma marca indelével no futebol mundial.

Mourinho deu os primeiros passos como treinador no Benfica. Após a demissão do alemão Jupp Heynckes, ele assumiu a equipa lisboeta na disputa do Campeonato Português.

Porém, com as eleições no clube e a mudança de presidente, o técnico acabou por deixar o cargo decorridos 11 jogos. Foram seis vitórias, três empates e duas derrotas. Aproveitamento de 63,6%.

Mas de onde veio a sua motivação para se transformar em treinador de futebol? “Quando você tem um pai que foi um grande jogador, o seu sonho é ser como ele, mas eu sabia que não tinha como ser igual a ele. Foi daí que surgiu a minha motivação.

Queria ser alguém verdadeiramente importante para o futebol. Sabia que tinha condição para ser treinador e empenhei-me nisso” afirmou Mourinho.

Após a passagem pelo Benfica, Mourinho acabou por ir para a União de Leiria na temporada 2001/2002. Lá, o treinador conseguiu 11 vitórias, dois empates e duas derrotas.

O trabalho chamou a atenção dos dirigentes do Porto, que o contrataram para o campeonato seguinte. E foi justamente no Estádio do Dragão que o treinador começou a conquistar resultados expressivos.

Na temporada 2003/2004, o Porto venceu a Liga dos Campeões e o Mundial de Clubes. Além disso, sob a batuta do português, o clube ainda levantou dois campeonatos nacionais, uma Taça de Portugal, uma Supertaça e a Taça UEFA, actual Liga Europa. A partir daí, o trabalho do técnico português começou a chamar a atenção dos gigantes europeus.

Contratado pelo Chelsea na temporada 2004/2005, o treinador sagrou- se campeão inglês logo no seu primeiro ano. Nos Blues, ele levantou o bi da competição nacional em 2006 e ainda viu a equipa ficar com o troféu da Supertaça da Inglaterra, da Taça da Inglaterra e com o bi da Taça da Liga Inglesa.O treinador só não conseguiu o tão sonhado título da Liga dos Campeões.

As boas campanhas no clube inglês levaram Mourinho até o Inter de Milão. O treinador foi bicampeão italiano e ainda ganhou uma Taça da Itália e uma Supertaça. Em Junho, a equipa conquistou a Liga dos Campeões ao bater o Bayern de Munique, em Madrid.

Coincidência ou não, Mourinho acabou por ficar na capital espanhola para contornar os altos e baixos vividos pela equipa liderada por Cristiano Ronaldo e Kaká, o Real. Com o português no comando, a expectativa do presidente Florentino Peres é de um ano de sucesso no Santiago Bernabeu. E para o treinador é a oportunidade de comemorar uma década de profissão num dos clubes mais charmosos do futebol mundial.

Mas afinal o que é que Mourinho tem que os outros não têm?

O special one recusa-se a explicar em que é que inovou. “Mas, em alguns aspectos, há, seguramente, um antes e um depois de mim. O estilo de liderança, o modo de comunicar, a metodologia de treino”, afirma.

Mas está-se realmente perante um treinador inovador? Para vários especialistas no maior desporto do mundo Mourinho é o treinador “com maior impacto no futebol mundial desde (o holandês) Rinus Michels”. Não por ter desenvolvido um sistema táctico nunca antes visto ou por ter criado uma nova forma de jogar, mas por reunir qualidades únicas e conseguir coisas que “ninguém imaginaria possíveis”.

Outro dos méritos de Mourinho, o de encontrar jogadores desconhecidos e transformá-los em futebolistas de primeira linha, consubstancia-se numa lista de exemplos longa, de Derlei a Milito, passando por Deco.

A metodologia de Mourinho (“treinar a matriz de jogo”) consiste em elaborar exercícios que reproduzam o jogo. Não separa o treino físico, do táctico, técnico e psicológico. Tudo é trabalhado ao mesmo tempo. O método não foi inventado por ele, mas ele é quem concretizou melhor essas teorias.

Estes métodos permitiram-lhe ganhar a admiração dos jogadores, um dos grandes segredos. E a inovação passa também pela forma como consegue motivar os seus futebolistas.

A lista de truques é longa: recortes nas paredes do balneário, pontapés em caixotes de roupa ao intervalo para espicaçar os jogadores, discursos inflamados, bilhetes com recados durante o jogo. E até dar indicações para o banco por SMS (como aconteceu na meia-final da Taça UEFA 2003), quando estava castigado e vigiado por um responsável da UEFA.

Um dos jogadores de Mourinho afirmou que o melhor de trabalhar com ele é não ter pressão, porque todos os focos concentram-se no treinador.

Famosa é também a capacidade de antecipação de Mourinho, de acertar na equipa do adversário. “Às vezes, adivinhava o resultado do jogo. Noutras contava-nos o que ia acontecer”, conta Didier Drogba, na sua biografia.

Sem ser um deus, o futuro de José Mourinho será brilhante, porque este homem nunca se cansa de ganhar.

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