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Mozambikanices d´Verdade: A escolha

Para ser sincero o jornal aberto à frente dos meus olhos era só mesmo para inglês ver. Juro que tentei ler as medidas que o governo tomou relativamente ao episódio da greve, mas foi o desespero da senhora que acabou por prender a minha atenção.

Tanto quanto deu para perceber, e desconfio que o resto das pessoas que ali estavam a tomar o seu cafézinho de meio da manhã também perceberam, a senhora tinha pedido uma meia de leite em chávena escaldada e uma torrada aparada com pouca manteiga.

E o que o empregado lhe colocou em cima da mesa foi de facto uma meia de leite, que segundo a senhora não estava escaldada, e uma torrada que por acaso até estava com bom aspecto, mas não estava aparada. Quanto à manteiga sinceramente não sei se era muita ou pouca, de onde eu estava sentado não dava para ver, mas certamente que era Rama.

O empregado levou o pedido para trás, para o rectifi car, e a senhora continuou a murmurar para a amiga que se encontrava sentada à sua frente, que lhe ia acenando com a cabeça de tempos a tempos (do tipo estamos juntas). Mas a única coisa que ela deixava transparecer era alguma vergonha alheia. De facto, é inadmissível o facto de o empregado não acertar no pedido à primeira.

Ora vejamos: que ele não tivesse percebido o que é uma meia de leite ainda percebo, agora não perceber o que é uma chávena escaldada não me entra na cabeça. No primeiro caso reconheço que também poderia ter ficado baralhado com a ideia de uma meia de leite, visto que meias, assim de repente só me vem à cabeça aquelas de algodão, brancas com duas raquetes cruzadas e duas riscas.

Uma preta e outra encarnada. Agora chávena escaldada? Não percebo qual é a difi culdade. Talvez não fosse má ideia a senhora especifi car a temperatura a que queria a chávena. No caso da torrada aparada, dou a mão à palmatória. A senhora tinha razão. Se calhar excedeu-se um bocadinho na forma como se expressou com o empregado, mas realmente ela tinha razão.

Quem é que não se arreliava como ela se arreliou? Hmmm? Eu era gajo para fi car bem arreliado. Então não se está mesmo a ver que uma torrada aparada é o mesmo que uma torrada sem côdea? É que mais óbvio que isto é impossível.

Em todo o caso quem saiu a ganhar no meio disto tudo foram os donos do café, que pelo menos tiveram formação sem gastarem um cêntimo, e se calhar algumas pessoas que estavam na plateia a assistir àquele triste espectáculo.

Eu pelo menos não paguei! Aliás quem o deveria ter pago era a senhora. Levantei-me do café e segui rumo ao quotidiano, com algum desconforto e difi culdade em aceitar o facto de ser tuga. Mas estes portugueses vêm de onde? Sinceramente…um tipo assiste a cada coisa!

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