O governador interino da província central de Sofala, Carvalho Muária, insurgiu-se, semana passada, contra os dirigentes do sector de educação do distrito do Búzi, por terem instruído os estudantes de diferentes níveis de ensino daquele ponto do país a deslocarem-se à cripta dos heróis para o receberem, facto que implicou a paralisação das aulas.
Muária estava de visita à zona sul de Sofala, tendo, imediatamente, repudiado a presença de alunos na sua recepção, razão pela qual ordenou o regresso imediato dos mesmos aos seus estabelecimentos de ensino, bem como todo o corpo docente.
“Não faz sentido, num país pobre como o nosso, interromper as aulas só para vir receber o governador. Eu estou a trabalhar, assim como as pessoas que me acompanham. Estamos aqui para ver ‘in loco’ as actividades levadas a cabo para combater à pobreza. É uma espécie de fiscalização. Então, se estou a trabalhar porquê os alunos vão interromper as suas aulas só para me cumprimentar?”, questionou o governador, citado pelo diário “O País”.
O governador disse não ter percebido a razão de as direcções distritais e das escolas da vila sede do Búzi terem optado em interromper as aulas para o receberem, depois de ter dito para não o fazerem.
“Quando iniciei a visita à região sul de Sofala, deixei claro que não queria ver actividades interrompidas por causa da minha visita. Um enfermeiro não pode deixar de atender um doente porque o governador está a trabalhar no distrito. Queremos combater a pobreza e este combate não se faz com interrupções de actividades sem justa causa”, esclareceu Muária.
Sobre a presença de alunos, Muária disse que se fosse um sábado, domingo ou feriado, seria absolutamente normal e até agradável conviver com os futuros dirigentes.
“Agora, interromper aulas, isso não, não admito”, vincou.
Por seu turno, os alunos afirmaram ter recebido orientações das suas direcções escolares para se fazerem à Praça dos Heróis, a fim de participar na cerimónia de recepção do governador.
Reagindo em sua defesa, a directora distrital de Educação, Leonor Langa disse ser incapaz de explicar o que teria realmente acontecido para se chegar ao extremo de instruir todos os alunos a participarem na recepção daquele governante, concordando com o posicionamento de Muária.
“Eu estava ausente da sede do distrito por razões de trabalho. Fiquei também surpreendida pelo facto de ver todos os alunos nesta cerimónia. Concordo com o posicionamento do senhor governador e vou inteirar-me das motivações que levaram as direcções das escolas a decidirem pela interrupção das aulas, porque as minhas orientações não indicaram para tal acto”, defendeu-se Langa.