Para continuarmos  a fazer jornalismo independente dos políticos e da vontade dos anunciantes o @Verdade passou a ter um preço.

 
ADVERTISEMENT

Algumas medidas para cumprir os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM)

Algumas medidas para cumprir os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM)

Fique agora a conhecer cada um dos oito ODM assim como algumas medidas específicas, que as Nações Unidas recomendam, como forma de acelerar o seu cumprimento até 2015:

Objectivo 1 – Erradicar a pobreza extrema e a fome

Segundo dados do Banco Mundial, Moçambique está no bom caminho com vista à redução para metade do número de pessoas que vive com rendimentos inferiores USD1,25 por dia.

No gráfico acima, a linha tracejada indica a “performance” necessária para o cumprimento desta meta e a linha amarela indica o cumprimento em curso, que está abaixo da meta recomendável. Fonte: World Bank, World Development Indicators 2010

Porém, há ainda um longo caminho a percorrer e, tal como outros países dotados de grandes sectores agrícolas, Moçambique deveria concentrar-se no reforço da produtividade e da qualidade da produção agrícola. Este objectivo propõe também a redução para metade da percentagem da população que sofre de fome.

Neste quesito a performance de Moçambique é positiva, estando inclusive o país acima do mínimo necessário, conforme ilustra o gráfico abaixo:

No gráfico acima a linha tracejada indica a “performance” necessária para o cumprimento desta meta e a linha verde indica o grau de cumprimento actual que é positivo. Fonte: World Bank, World Development Indicators 2010

Mas o país não pode baixar os braços, pois a meta não está cumprida, e deve continuar a envidar esforços para aumentar a produtividade, modernizar e comercializar a agricultura tradicional. Paralelamente, é preciso introduzir práticas agrícolas sustentáveis.

Se não for devidamente regulamentada, a agricultura intensiva poderá conduzir ao esgotamento dos recursos hídricos, à poluição por adubos químicos e pesticidas e à perda de biodiversidade. O aumento da produção não afecta apenas um aspecto da segurança alimentar e deve ser complementado por outras intervenções, a fim de corrigir as desigualdades de acesso aos produtos alimentares e de melhorar a nutrição.

O acesso a um emprego digno e produtivo e a promoção do espírito empresarial são outras das acções essenciais para o crescimento favorável da vida das populações mais pobres e para os esforços para combater a pobreza e a fome.

Objectivo 2 – Atingir o ensino básico universal

Moçambique está a registar um desempenho razoável, com vista a garantir que até 2015 todas as crianças de ambos os sexos terminem um ciclo completo do ensino primário. O desempenho actual está abaixo da referência que assegura o cumprimento deste objectivo.

No gráfico acima a linha tracejada indica a “performance” necessária para o cumprimento desta meta e a linha amarela indica o cumprimento em curso que está abaixo da meta meta recomendável. Fonte: World Bank, World Development Indicators 2010

Para o cumprimento desta meta é necessário que o nosso país reforce os sistemas nacionais de educação, procurando superar as limitações em termos de infra-estruturas, recursos humanos e boa governação, com o apoio dos doadores internacionais. As Nações Unidas também recomendam que quando os orçamentos da educação aumentam, há que tomar em consideração as desigualdades de rendimento, de género, geográficas, linguísticas e étnicas ao proceder à afectação de recursos.

As intervenções deveriam atacar os problemas de acesso à escolarização do lado da oferta e da procura. Do lado da oferta, há que prestar serviços de qualidade e torná-los acessíveis, com base numa análise rigorosa das necessidades. Do lado da procura, é preciso pôr em prática medidas com alvos específicos para atrair à escola crianças de famílias pobres, de zonas rurais ou de grupos étnicos minoritários.

A progressão no sistema de ensino – a permanência na escola, a conclusão da escolaridade e os resultados da aprendizagem – é outro desafio que é preciso superar urgentemente. Podem criar-se as condições de aprendizagem adequadas e proporcionar uma educação de qualidade multiplicando as escolas adaptadas às necessidades das crianças, adoptando estratégias eficazes e amplas de enquadramento dos professores.

Objectivo 3 – Promover a igualdade entre os sexos e a valorização da mulher

Ainda é preciso eliminar os principais obstáculos à educação das raparigas em Moçambique. Actualmente o desempenho neste quesito não é negativo e aproxima-se dos mínimos necessários de forma a garantir que não existam disparidades de género no ensino primário e secundário em 2015.

No gráfico acima a linha tracejada indica a “performance” necessária para o cumprimento desta meta e a linha amarela indica o cumprimento em curso que está abaixo da meta recomendável. Fonte: World Bank, World Development Indicators 2010

Uma das recomendações que o secretário-geral da ONU faz no seu relatório “Cumprir a Promessa” é que se concedam bolsas de estudo e subsídios e sejam eliminadas as propinas, alargando o apoio às raparigas, sobretudo ao nível do ensino secundário, em que são obrigadas, com demasiada frequência, a abandonar a escola devido às despesas escolares.

Outra recomendação é que a geração do pleno emprego produtivo e a criação de emprego e salário dignos para aqueles que já ultrapassaram a idade escolar devem ser objectivo primordial das políticas macroeconómicas, sociais e de desenvolvimento, nomeadamente promovendo a igualdade em matéria de formação profissional e de oportunidades de emprego, reduzindo as diferenças salariais entre mulheres e homens.

Há que adoptar medidas de protecção social e leis e políticas laborais que tenham em conta as questões de género e proporcionar e garantir protecção jurídica às das trabalhadoras mais vulneráveis. Deve prestar-se especial atenção às disparidades de género entre os jovens, na transição da escola para o mundo do trabalho, adaptando a educação e a formação às necessidades do mercado de trabalho, ao longo da vida, segundo uma abordagem assente em direitos.

É necessário também adoptar medidas de discriminação positiva para reforçar a presença e a influência das mulheres em todos os processos de tomada de decisões políticas, nomeadamente investindo no acesso das mulheres à liderança de estruturas de decisão a nível local e assegurando a igualdade de oportunidades dos homens e das mulheres no seio dos partidos políticos. Salvo raras excepções, os 26 países que atingiram ou ultrapassaram o objectivo de as mulheres deterem mais de 30% dos assentos nos parlamentos nacionais nos últimos cinco anos introduziram algum tipo de medidas de discriminação positiva.

Objectivo 4 – Reduzir a mortalidade infantil Objectivo

Embora a taxa de crianças que morrem antes de atingirem um ano de idade esteja a decrescer, passou de 178 mortes por mil, em 2003, para 138 mortes por mil, em 2008, é preciso reforçar os sistemas nacionais de saúde, pois o cumprimento desta meta ainda não é positivo.

No gráfico acima a linha tracejada indica a “performance” necessária para o cumprimento desta meta e a linha amarela indica o cumprimento em curso que está abaixo da meta recomendável. Fonte: World Bank, World Development Indicators 2010

Este reforço implica tomar medidas para enfrentar o problema das limitações impostas pela falta de recursos humanos, construir novas infra-estruturas, modernizar e melhorar as redes de distribuição, melhorar a governação e promover uma boa gestão, intervindo mais nos sistemas informais, formais e descentralizados de protecção da saúde.

É indispensável a ajuda internacional ao desenvolvimento para reforçar os sistemas de saúde em países de baixo rendimento. Sabe-se que as intervenções com alvos específicos em áreas fundamentais – tais como programas de vacinação, o aumento do número de parteiras qualificadas e a utilização de redes mosquiteiras impregnadas de insecticida – têm efeitos muito positivos, mas são mais sustentáveis quando inseridas numa estratégia que vise garantir o acesso universal aos cuidados de saúde primários.

Objectivo 5 – Melhorar a saúde das grávidas Objectivo

No que respeita ao objectivo de reduzir em três quartos a taxa de mortalidade materna, a situação é preocupante em Moçambique, pois perto de 600 mulheres morrem em cada 100.000 partos.

No gráfico acima a linha tracejada indica a “performance” necessária para o cumprimento desta meta e a linha vermelha indica o incumprimento actual. Fonte: World Bank, World Development Indicators 2010

A ONU recomenda, para além do cumprimento do objectivo 4, o apoio a iniciativas comunitárias de atendimento às grávidas (pré e pós-parto) e melhoria da saúde materna, fixas e ambulantes assim como a programas de reforço à saúde da mulher, facilitando acesso a informações sobre planeamento familiar, DST, prevenção do cancro de mama, gestação de risco, nutrição da mulher e do bebé.  

Objectivo 6 – Combater a SIDA, a malária e outras doenças

Sobre o combate ao HIV/SIDA, malária e outras doenças graves, Moçambique apresenta um cenário muito preocupante. A taxa de seroprevalência na população adulta é de 11,5%.

No gráfico acima a linha tracejada indica a “performance” necessária para o cumprimento desta meta e a linha vermelha indica o incumprimento actual. Fonte: World Bank, World Development Indicators 2010.

É necessário intensificarem-se com urgência as intervenções que têm maior impacto nas metas dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio relacionados com a saúde, tais como acesso universal à saúde sexual e reprodutiva, a vacinação e intervenções destinadas a assegurar a sobrevivência das crianças, prevenção da infecção por HIV e os cuidados para atenuar os efeitos da doença, a prevenção e tratamento das doenças tropicais esquecidas, os serviços de prevenção e tratamento da malária e da tuberculose e o acesso, a baixo custo, à água potável e ao saneamento.

Por outro lado, é fundamental aumentar o financiamento mundial particularmente em programas de controlo de doenças com alvos específicos.

Objectivo 7 – Garantir a qualidade de vida e respeito ao meio ambiente

Muitos moçambicanos continuam sem acesso permanente a água potável, o que significa que este objectivo está longe de ser atingido.

No gráfico acima a linha tracejada indica a “performance” necessária para o cumprimento desta meta e a linha vermelha indica o incumprimento actual. Fonte: World Bank, World Development Indicators 2010.

É preciso que o país adopte estratégias nacionais integradas de gestão da água que abranjam os quatros principais usos da água doce – agricultura, uso doméstico, indústria e serviços do ecossistema – para responder com firmeza à sua crescente escassez, que é agravada pelas alterações climáticas.

Segundo as Nações Unidas, o facto de os pobres não terem poder de compra suficiente para pagar um saneamento melhorado dificulta, quase sempre, a adopção de uma abordagem determinada pela procura. A continuação da prestação destes serviços pelo sector público preserva, com frequência, as reduzidas capacidades de boa governação e reguladoras dos países em desenvolvimento, ao mesmo tempo que alarga o acesso a esses serviços.

É possível promover um desenvolvimento favorável aos pobres centrado em recursos naturais, a nível local ou das comunidades ou à escala nacional. Ambas as abordagens são necessárias, se se pretender reduzir ao máximo a pobreza.

Por outro lado, é necessária uma forte expansão do investimento na gestão sustentável dos ecossistemas para reduzir a vulnerabilidade dos pobres e maximizar o contributo dos recursos naturais no desenvolvimento rural. Não é possível reduzir a pobreza sem garantir os direitos dos pobres aos recursos e sem reunir outras condições. As medidas de protecção da biodiversidade devem respeitar os direitos tradicionais dos povos indígenas e meios de vida ligados aos recursos dos mares e das florestas.

Objectivo 8 – Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento

A repartição da ajuda ao desenvolvimento continua a ser muito desigual. Embora a parte da Ajuda Pública ao Desenvolvimento atribuída aos países mais pobres tenha aumentado entre 2000 e 2007, continuando a África Subsaariana a ser o principal beneficiário, uma vez que os fluxos recebidos subiram para mais do dobro em dólares correntes, a maior parte do aumento da Ajuda Pública ao Desenvolvimento, desde 2000, beneficiou apenas alguns países em situações de pós-conflito, nomeadamente o Iraque e o Afeganistão.

Em conjunto, estes dois países receberam cerca de um sexto do montante afectado a países pelos membros do Comité de Ajuda ao Desenvolvimento, apesar de representarem menos de 2% da população total dos países em desenvolvimento. A ajuda à África fica muito aquém dos compromissos e das necessidades.

Como as análises minuciosas do Fundo Monetário Internacional e do PNUD mostraram, programas extremamente úteis em relação aos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio não são financiados, porque os fundos prometidos pelos doadores ainda não foram recebidos.

WhatsApp
Facebook
Twitter
LinkedIn
Telegram

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

error: Content is protected !!