A França enfrenta uma nova onda de problemas sérios no tráfego ferroviário e aéreo com as greves que começaram na noite de quarta-feira, com sindicatos procurando mobilizar milhões de manifestantes contra os planos do governo, de elevar a idade mínima da aposentadoria.
Previstas para durar 24 horas, as greves acontecem apenas duas semanas depois de mais de 1 milhão de pessoas terem ido às ruas para protestar contra uma reforma das aposentadorias considerada injusta pelos sindicatos, mas vista como essencial pelo presidente Nicolas Sarkozy, no momento em que a austeridade toma conta da Europa.
Os protestos espelham acções semelhantes em outras partes da Europa, à medida que os governos endividados reduzem os seus gastos, especialmente na Grécia e Espanha, onde mais protestos são previstos para as próximas duas semanas em resposta a algumas das mais duras medidas de austeridade adotadas na zona do euro.
“Este dia precisa ser suficientemente contundente — cerca de 2 milhões de manifestantes — para obrigar o governo a fazer novas concessões. Estou confiante”, disse François Chereque, presidente da poderosa confederação sindical francesa CFDT.
Os sindicatos disseram que de 2,5 a 2,7 milhões de pessoas protestaram em 7 de setembro. A polícia estimou o número em 1,1 milhão. A previsão é que as greves atinjam as escolas, mas sobretudo os transportes públicos.
A autoridade francesa da aviação civil pediu que as companhias aéreas reduzam os seus voos a Paris em 50 por cento — o dobro do número atingido no protesto anterior.
Os sindicatos avisaram que farão greve a partir de 19h desta quarta-feira nas ferrovias e na rede RATP de transportes urbanos de Paris. Os ‘trens do metrô’ estão previstos para cair pela metade. A ferrovia nacional francesa SNCF também disse que os trens locais e interurbanos serão reduzidos por 50 por cento ou mais, mas que os serviços de trem Eurostar para a Grã-Bretanha funcionarão normalmente.
Bernard Thibault, presidente da CGT, uma das duas confederações sindicais principais, disse que ele e seus colegas sindicalistas se reunirão, sexta-feira, para discutir os próximos passos, mas avisou que serão promovidos mais protestos. Analistas dizem que uma adesão grande à greve provavelmente não resultará em mais do que concessões marginais além do essencial da reforma, vista por muitos como a principal do mandato de cinco anos de Sarkozy, que termina no início de 2012.
Sarkozy e seu governo de centro-direita se mantêm firmes em relação à elevação da idade mínima para a aposentadoria de 60 para 62 anos até 2018 e à elevação de 65 para 67 anos da idade a partir da qual as pessoas têm direito a uma aposentadoria integral. O governo já fez modificações pequenas à lei, uma parte chave de seu plano para equilibrar as finanças e reduzir as dívidas do país.
A câmara baixa do Parlamento aprovou a lei em 15 de setembro, e agora irá a debate, no Senado, a partir de 5 de outubro. O partido governista UMP e seus aliados de centro-direito têm uma maioria menor no Senado.