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Inflação atingiu 12,12 por cento em 2010

A taxa de inflação, medida pelo Índice de Preços no Consumidor, na Cidade de Maputo, atingiu 12,12 por cento nos primeiros oito meses do corrente ano, revelam dados divulgados terça-feira, pelo Banco de Moçambique.

Falando em conferência de imprensa terça-feira, em Maputo, o porta-voz do Banco de Moçambique Waldemar de Sousa, disse que a que inflação homóloga (de 1 de Setembro de 2009 a 31 de Agosto de 2010) foi de 17,08 por cento.

Esta situação é totalmente diferente comparativamente há um ano, quando a inflação aparentava estar sob controlo.

Na verdade, entre Janeiro e Agosto de 2009, os preços caíram na ordem de 0,2 por cento, enquanto a taxa de inflação entre Agosto de 2008 e Agosto de 2009, era de apenas 1,12 por cento.

Os preços de produtos alimentares são as principais causas da elevada inflação.

Nos primeiros seis meses do corrente ano, o preço médio de frutas e vegetais subiu 34,18 por cento. As subidas mais acentuadas foi para a alface (94 por cento), couve (64 por cento), tomate (54,6 por cento) e cebola (37,1 por cento).

Estes preços devem-se ao facto de a maior parte da fruta e vegetais consumidas na região sul de Moçambique serem importados da vizinha África do Sul, enquanto o metical, moeda moçambicana, registou uma forte depreciação face ao rand sul-africano.

De facto, o rand apreciou-se com relação a maior parte das moedas estrangeiras, tendo contribuído para o efeito a alta dos preços de ouro no mercado internacional.

Os preços de cereais subiram no período de Janeiro e Junho, mas apenas na ordem de 6,68 por cento.

O preço de arroz subiu 21,3 por cento, enquanto a farinha de milho subiu 10,9 por cento.

Até Junho do corrente ano, o trigo não constituía nenhum problema. Contudo, o preço começou a subir em espiral nos meses seguintes, que Sousa atribui ao banimento de exportações de trigo na Rússia devido aos incêndios florestais verificados nos últimos meses naquele país europeu.

Os preços de combustível também contribuíram para o aumento da inflação. O congelamento dos preços de combustível impostos pelo governo em 2009 terminaram em Março do corrente ano e, por isso, ate Junho os preços de combustível haviam subido na ordem de 43,54 por cento.

Sousa disse que a factura para a importação de combustível no país no corrente ano deverá atingir cerca de 540 milhões de dólares, contra 340 milhões de dólares em 2009.

Como forma de assegurar a existência de reservas bancárias em moeda externa para cobrir este montante, o Banco Central tem estado a usar as suas reservas internacionais, colocando quantidades crescentes de dólares no mercado interbancário, onde podem ser adquiridos pelos bancos comerciais.

Os importadores de combustível adquirem a moeda externa através de um sindicato de bancos comerciais, tendo o banco emissor assumido toda a responsabilidade de assegurar a disponibilidade de divisas para a sua importação.

Na ocasião, Sousa fez questão de frisar que isso não tem nenhuma relação com os subsídios do governo aos combustíveis.

Até agora, o banco central já vendeu 620,42 milhões de dólares no mercado interbancário, contra 571,45 em igual período no ano transacto e 446,35 milhões de dólares entre Janeiro e Setembro de 2008.

Com relação a taxa de câmbio, até ao fim de Junho um dólar era quotado a 34,5 meticais e 4,59 meticais para o rand sulafricano no mercado interbancário.

Em ambos os casos, isso corresponde a uma depreciação de quase 30 por cento comparativamente a taxa de câmbio no ano anterior (frise-se que a maior parte da depreciação do metical se registou no segundo trimestre de 2010).

A taxa de câmbio média que os bancos comerciais usaram nos finais de Junho era de 35,2 meticais para um dólar americano. O metical voltou a cair nos meses seguintes, e até ao início de Setembro a taxa de câmbio era de um dólar para 36,5 meticais (e um rand para 5,1 meticais).

Por isso, o Banco de Moçambique adoptou uma série de medidas numa tentativa de segurar o metical.

Assim, o Banco de Moçambique ajustou a taxa de juro de intervenção em alta de 11,5 por cento para 15,5 por cento, bem como o Coeficiente de Reservas Obrigatórias para 8,75 por cento, tendo os bancos comerciais afirmado que não tinham outra saída a não ser seguir o exemplo.

Sousa disse que esta medida já começou a produzir resultados, registandose uma ligeira apreciação do metical.

Na terça-feira, a taxa de câmbio média no mercado interbancário era de um dólar para 35,8 meticais e um rand para 5,06 meticais.

Sousa explicou ainda que a depreciação do se metical se deve em parte ao atraso dos doadores no desembolso do apoio ao orçamento nos primeiros meses do corrente ano.

Esta demora, também chamada de ‘greve dos doadores’ conduziu levou os exportadores a adoptarem uma ‘atitude conservadora’, disse o banco central. Os exportadores ficaram relutantes em vender parte das suas divisas, aguardando pela deterioração da taxa de câmbio.

Outro factor que exerceu pressão sobre o metical foi a expansão de crédito e da massa monetária, na sequência dos estímulos adoptados pelo governo e o banco central em 2009 para reduzir o impacto da crise financeira internacional.

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