O mundo precisa repensar estratégias para o combate à pobreza mundial, com maior ênfase no crescimento econômico, responsabilidade e governança, a fim de que as metas de 2015 de ajuda aos pobres do planeta sejam cumpridas, disse o administrador do órgão de ajuda dos Estados Unidos.
Durante a reunião de líderes em Nova York na segunda-feira, numa conferência das Nações Unidas sobre combate à pobreza, o administrador da Usaid, Rajiv Shah, disse que o governo Obama defende uma nova abordagem na batalha que vem tendo resultados variados.
“Queremos que se crie uma nova maneira de pensar a busca do desenvolvimento”, disse Shah à Reuters numa entrevista, sexta-feira, antes da reunião de Metas de Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas, que ocorre esta semana por três dias.
A conferência vai realizar uma revisão das promessas feitas há dez anos de redução de pobreza e fome, expansão do acesso à educação, melhoria da igualdade entre os gêneros, melhoria dos serviços básicos de saúde e aumento da luta contra doenças como HIV/Aids e malária, que afetam desproporcionalmente as populações mais pobres do mundo.
Apenas uma das metas, a redução pela metade da pobreza mundial, está caminhando de acordo com o prazo até 2015. Entretanto, a redução se deve principalmente ao rápido crescimento de países populosos como Índia e China.
O progresso noutros países é lento e desigual, e se tornou ainda mais difícil com a crise econômica financeira que levou os países ricos a reduzirem verbas de ajuda e afetou países pobres com a alta do preço dos combustíveis e alimentos, além do desemprego.
Shah, que na função de líder da Agência para o Desenvolvimento Internacional dos EUA atua na linha de frente do debate de ajuda mundial, disse que as metas não serão atingidas com as atuais estratégias.
Ele disse que os Estados Unidos querem impor padrões de responsabilidade mais rigorosos, programas que enfatizam o desenvolvimento econômico local ao invés de doações, mais treinamento para especialistas no mundo em desenvolvimento e um esforço mais agressivo para levar inovações científicas e tecnológicas aos países em desenvolvimento.
“Apenas reafirmar o nosso compromisso não será o suficiente, se não mudarmos e inovarmos fundamentalmente a forma como executamos nosso trabalho.”
CADA DÓLAR CONTA
Shah disse que o presidente dos EUA, Barack Obama, continua comprometido em aumentar a verba de ajuda dos EUA para 52 bilhões de dólares até 2015 em relação aos actuais 25 bilhões de dólares.
Mas com a frustração do eleitor norte-americano com a lenta recuperação econômica do país, é importante garantir que esse dinheiro não seja desperdiçado, disse ele. “Temos que mostrar que cada dólar é usado em seu valor monetário máximo”, disse ele.
Ele também afirmou que os programas de ajuda dos EUA estão direcionando mais recursos para a criação de grupos e organizações locais, com vias à sustentabilidade de longo prazo, o que depende da capacidade de países pobres para a criação e implementação de suas próprias políticas prioritárias.
As mudanças são parte de um empenho mais amplo de otimizar o processo de ajuda e dar fim a programas impostos e controlados por doadores estrangeiros, que acabam quando a ajuda externa termina.
Outra meta da conferência é melhorar a coordenação internacional da ajuda, disse Shah. Doadores tradicionais, como países europeus e Japão, já colaboram, mas novos doadores, como China, precisam participar mais da coordenação.
“Esta sessão vai levar a uma correção de curso que nos permitirá entender o que aprendemos na última década e ter melhores resultados nos próximos cinco anos”, disse Shah.