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Agricultura: investimento chinês ainda é insignificante

O investimento chinês no sector agrícola em Africa, incluindo Moçambique, ainda é muito insignificante, devido a inexistência de infra-estruturas adequadas na maioria dos países do continente ao nível desta área de actividade. Em 2007 apenas um por cento do investimento externo chinês foi consagrado à agricultura e com uma tendência estacionária.

Portanto, as empresas chinesas estão receosas de investir no continente africano devido a fragilidade das infra-estruturas. Estas são as conclusões do investigador moçambicano Sérgio Chichava, do Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE), falando esta quinta-feira em Maputo durante o seminário subordinado ao tema “China em Africa: desenvolvimento e desafios, As relações Moçambique-China”, um evento organizado pelo IESE em parceria com o Instituto Sulafricano de Relações Internacionais (SAIIA).

Na sua apresentação intitulada “Economias Emergentes no Sector Agrícola Moçambicano. Leituras, Implicações e Desafios”, Chichava disse que mesmo após essa constatação, muitos analistas ainda defendem, erradamente, que a China está a açambarcar terras em Africa para a agricultura. “O investimento de empresas chinesas quase não tem nenhum significado. Apesar de tudo isso fala-se de açambarcamento de terras em Moçambique.

Aliás, em 2008 o investigador timorense Loro Horta publicou um estudo afirmando que Pequim queria fazer de Moçambique um celeiro chinês”, disse Chichava. A primeira fase do projecto referido por Horta contemplava o envio de três mil chineses para o Vale do Zambeze, número que haveria de aumentar para 10.000 numa segunda fase.

Segundo Horta, este era parte integrante de um vasto projecto de modernização do sector agrícola moçambicano avaliado em 800 milhões de dólares. O objectivo era de incrementar a produção de arroz de 100 mil toneladas por ano, na altura, para 500 mil. “Mas essa informação parece não corresponder a verdade”, disse Chichava, para de seguida acrescentar que o mesmo havia sido desmentido pelo próprio governo moçambicano. “Portanto, com relação as alegações de Horta, as evidências no terreno mostram que isso não corresponde a verdade”, vincou.

Na ocasião, Chichava citou outras notícias veiculadas através da Internet referindo que os países asiáticos estão a investir massivamente na agricultura africana. “Na verdade, das pesquisas e entrevistas que eu fiz com os funcionários do Ministério da Agricultura nada disso está a acontecer”, disse. O investigador afirma que apesar da existência de acordos bilaterais nesse sentido, os factos no terreno indicam que os investimentos dos países asiáticos, bem como das economias emergentes, continuam a níveis muito insignificantes. Chichava explica que o Vietname está a investir na agricultura na província central da Zambézia, mas ainda está numa fase embrionária.

O Brasil, que também integra o grupo das economias emergentes, está interessado na produção de cana-deaçúcar, para a produção de bio combustíveis. A Índia e’ outro país citado como estando envolvido na corrida às terras em Africa. “Não está a acontecer quase nada. Mesmo o próprio sector privado, que e’ a principal alavanca de investimentos da Índia em Africa, estão envolvidos apenas num único projecto de produção de etanol na província de Sofala”, disse Chichava.

Por isso, Chichava considera que o maior desafio actual de Moçambique e’ de atrair investimentos para o sector agrícola. “Esse e’ o principal desafio de Moçambique da actualidade”, frisou. Outro desafio e’ convencer essas empresas para não só investir em culturas de rendimento ou destinados a produção de bio combustíveis, mas também em culturas alimentares. Chichava explica que o enfoque do investimento Chinês em Africa, incluindo Moçambique, está nos recursos minerais, energéticos e na construção civil. Na componente da agricultura, o investimento é ainda incipiente.

“Olhando para o caso moçambicano não está a acontecer quase nada. Existem apenas três projectos agrícolas, que na minha opinião merecem destaque que e’ o centro de tecnologias agrárias de Boane, um projecto de produção de arroz em Xai- Xai, e um apoio ao GPZ no valor de 50 milhões de dólares”, asseverou Chichava.

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