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Escassez de água pode gerar uma próxima guerra mundial

Nos últimos 100 anos o consumo de água potável cresceu duas vezes mais do que a população. Em 2025, 2,5 milhões de pessoas estarão sem acesso à água potável, situação que se agrava sobretudo nos países subdesenvolvidos como Moçambique. A partir destes dados prevê-se que a próxima guerra mundial será pela água e não pelo petróleo.

Segundo dados estatísticos da ONU, existe hoje 1,1 bilião de pessoas sem acesso à água doce e quase 900 milhões de pessoas no mundo carecem de acesso à água potável e 2,5 biliões vivem sem serviços sanitários adequados, sendo que 80% residem em zonas rurais, sobretudo nos países subdesenvolvidos. A imprensa mundial considera que de toda a água disponível na terra 97,6% estão concentrados nos oceanos.

A água fresca corresponde aos 2,4% restantes. Destes somente 0,31% está concentrado nos pólos em forma de gelo, ou seja, de toda a água na superfície da terra menos de 0,02% está disponível em rios e lagos em forma de água fresca pronta para o consumo. Face a esta realidade, vários pesquisadores apontam o uso racional do recurso como a saída para o problema. E como poupar água? Para reduzir o consumo anual de água, basta aplicar algumas medidas em casa, tornando-as, pouco e pouco, em hábitos de poupança para o dia-a-dia.

Além de economizar dinheiro, as medidas salvaguardam um dos bens mais preciosos da terra, por sinal cada vez mais escasso. Pode-se poupar a água a começar por actos tão simples como lavar as mãos, os dentes ou face. Se mantiver a torneira fechada ou encher o lavatório para fazer a barba, pode poupar entre 10 e 30 litros de água por dia. Na casa de banho, opte pelo duche em vez do banho de imersão (gasta-se 50% menos água) e, se possível, é melhor encurtar a duração dos duches (menos 2 minutos debaixo do chuveiro implica uma poupança de 40 litros de água!) ou desligar a água no momento de se ensaboar ou de aplicar o champô. É igualmente útil pôr todas as torneiras a poupar com redutores de fluxo – uma pequena peça que se encaixa na torneira e que consegue reduzir o seu caudal em cerca de 50%.

Outras sugestões incluem as torneiras electrónicas com sensores, activadas apenas com a passagem das mãos; ou as torneiras temporizadas, que desligam automaticamente após alguns segundos. Os redutores de fluxo podem ainda ser aplicados aos chuveiros ou, em alternativa, enquanto se espera que a água na banheira ou duche aqueça, é sempre bom colocar um balde ou uma bacia para recolher os primeiros litros de água, utilizando-a, por exemplo, para regar as plantas, encher os bebedouros de animais de estimação, para lavar uma peça de roupa à mão ou o chão da cozinha.   

Cada vez que se descarrega o autoclismo, gasta-se 10 a 15 litros de água. Nestes casos existem algumas sugestões, como: contenção nas vezes em que se descarrega, instalação de autoclismos duplos ou com botão de controlo, e o recurso ao método tradicional de colocar uma garrafa cheia de água no depósito do autoclismo. Deitar lixo desnecessário na sanita obriga a mais descargas.

Namaacha na escola

Ciente desta realidade, através do projecto Namaacha na Escola, a empresa Águas da Namaacha tem estado a desenvolver uma série de actividades educativas que visam incutir na consciência dos alunos atitudes ecológicas de preservação do ambiente, principalmente a água. Desde 16 de Julho em 30 escolas primárias públicas e privadas da cidade de Maputo, o projecto abrangeu 1500 alunos e está orçado em 80 mil dólares, a maior parte dos quais utilizados na compra de estojos escolares.

Execução das actividades

Durante os dias em que acompanhámos as actividades no terreno, verificámos que as acções decorrem num ambiente típico escolar. Cerca de 50 a 60 alunos de várias turmas, acompanhados por um professor, reúnem-se numa sala onde as equipas do projecto executam as acções. No local dois jovens actores, um chamado h2 e outro o transmitem às crianças, de forma divertida e descontraída, algumas mensagens sobre a importância da água e a necessidade da sua preservação a nível local. A seguir é feita a apresentação da empresa Águas da Namaacha, através de um vídeo institucional mostrando os moldes industriais de produção da água mineral. Segue-se outro vídeo em banda desenhada, que ensina ao grupo-alvo que a preservação da água começa em casa.

Nessa gravação aparece uma mascote chamada Namaachinho a dialogar com dois miúdos, por sinal irmãos, sobre como preservar a água a partir de casa. Na sala de aulas os alunos acompanham o vídeo, fazendo uma redacção onde em poucas palavras expõem o que aprenderam. A redacção serve de medida para a equipa. Com ela avaliam o grau de percepção das mensagens. “Com base nesse exercício ficamos a saber como é que os miúdos estão a receber as informações.

Até ao momento, a partir do retorno que nos dão o projecto está ser um sucesso”, garantiu Juliana Gomes que acompanha as actividades todos dias. Além do que as crianças escrevem nas redacções, os gestores do projecto concluíram que o sucesso da campanha se nota também através da popularidade de Namaachinho. “As crianças gostam e adoram o Namaachinho. Praticamente a personagem já faz parte do seu dia-a-dia”, asseguram.

Depois da exibição do vídeo vem um momento de interacção seguido pela distribuição de estojos escolares que contêm um caderno personalizado, uma caneta, uma sacola, e um DVD, pondo-se, deste modo, fim à sessão. Aprendi que um dia a água pode acabar No final dos encontros é notória a satisfação dos alunos. As suas opiniões convergem na ideia de que ficaram a saber sobre como preservar a água. “Aprendi que sem água não há vida, por isso temos de poupar e usá-la de forma racional”, disse Vânia Assis, de 15 anos, da Escola Primária Luís Cabral.

Como a primeira, Estrela Gabriel, de 16 anos e aluna da sétima classe da Escola Completa Estrela do Oriente, em Laulane, aprendeu muito com este projecto, mas o que a marcou sobremaneira foi saber que a água potável é um recurso esgotável. “Não sabia que a terra possui apenas três porcento de água potável e que um dia ela pode acabar. A partir de hoje vou começar a usá-la com racionalidade”, afirma. Hélio Fernando, de 14 anos e aluno da Escola Primária de Magoanine, garante que muito ficou a saber sobre o precioso líquido e desde então deixará de gastar o recurso de qualquer maneira. “Como a água um dia pode acabar, devemos evitar usá-la à toa”, adverte prometendo a seguir que vai usar os conhecimentos para ensinar os que não tiveram a oportunidade de aprender.

Quem ficou igualmente satisfeito com o projecto foram os professores que acompanharam as actividades lado a lado com os alunos. Na sua maioria, entendem que eventos iguais deviam ser comuns nas escolas, pois trazem consigo uma pedagogia simples, que ensina muita coisa num curto espaço de tempo. “Em pouco tempo os alunos aprendem mais do que, com a complexidade dos nossos programas de ensino, pode ser leccionado em duas semanas”, comentou, na condição de anonimato, um professor da sétima classe.

Joaquim Mutoa, professor de Ciências Naturais e Matemática na Escola Primária de Magoanine encoraja o projecto porque entende que tem um conteúdo rico em termos educativos sendo, por isso, na sua óptica, bem-vindo. No entanto, ao longo do processo, nem sempre as actividades decorrem sem sobressaltos. Nas escolas públicas, devido à falta de condições materiais, as equipas encontram várias dificuldades, resultantes, na sua maioria de questões infra-estruturais. “Por exemplo, há escolas que não possuem energia eléctrica e nesses casos ficamos impedidos de projectar os vídeos”, comentou um membro da equipa. Além disso, existe a falta de carteiras e a superlotação.

“Ao longo das actividades muitos alunos sentam no chão e isso pode provavelmente influenciar a forma como recebem a mensagem”. Diferentemente das públicas, nas escolas privadas o processo decorre com uma pouco mais de facilidade. “Geralmente, os alunos são poucos, bem informados através do acesso que têm à Internet e outros meios de informação. Muitas vezes, a mensagem que levamos para eles não constitui novidade, mas não deixam de ouvir o que lhes dizemos em termos de aprendizagem da preservação da água”.

ÁGUA NO GLOBO

Gestão da água do mundo 70% da terra são cobertos por água

97% estão nos oceanos

3% são de água doce

2% estão nas calotas polares e nos vapores na atmosfera

1% está nos rios, lagos e aquíferos subterrâneos

USO DA ÁGUA

70% para a agricultura

20% para a indústria

10% para o consumo humano

DADOS DEMOGRÁFICOS E A ÁGUA

6 biliões de pessoas no mundo 1,4 bilião de pessoas não tem acesso adequado à água potável

2 biliões de pessoas não têm esgoto tratado

5 milhões de pessoas morrem por ano por beber água imprópria, 60% são crianças

1 criança morre a cada 10 segundos por causa da falta de saneamento

80% das doenças dos países do Hemisfério Sul são originadas pela falta de saneamento ambiental  

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