O novo Chefe de Estado, Benigno Aquino III, prometeu pôr fim aos regimes de excepção. Primeira medida: o fim das caravanas oficiais escoltadas. No seu discurso de posse, no dia 30 de Junho, Benigno Aquino III disse aos Filipinos que partilhava os seus sofrimentos. O tempo dos privilégios terminou, uma vez que os dignitários do Estado não poderão continuar a utilizar as sirenes dos batedores para se libertarem dos engarrafamentos.
Sublinhou que essa promessa se aplicará igualmente ao mais alto representante do Estado (no primeiro dia em funções, o Presidente manteve a sua palavra, parando nos semáforos e circulando sem sirene nem luz de emergência, tendo chegado 40 minutos atrasado a um encontro).
Esta promessa espelha o resto do discurso do Presidente (eleito a 10 de Maio com 42 por- cento dos votos, contra os 26 porcento do ex-presidente José Estrada). Benigno Aquino III comprometeu-se a protagonizar um governo mais justo e equitativo, fazendo respeitar o Estado de Direito e abolindo os privilégios para criar uma sociedade mais justa. Pretende acabar com a fraude, com o tráfico de influências, com a corrupção e, já agora, com outros abusos, como as sirenes e luzes de emergência das caravanas oficiais.
A existência de uma lei contra os privilégios das viaturas oficiais (adoptada durante a candidatura de Fernando Marcos, de 1965 a 1986) surpreendeu todos os Filipinos. Deve pertencer àquela categoria de leis que, depois de votadas, permanecem letra morta. A sua aplicação parece ser um dos pontos concretizáveis do discurso de tomada de posse do Presidente Aquino. Não será, no entanto, tão fácil quanto parece. Aqueles que a desrespeitam com total impunidade são, justamente, os representantes do Estado, os senadores, os deputados, os governadores, os presidentes das autarquias e os membros do executivo, incluindo as respectivas mulheres, filhos e até as amantes.
Sem instruções claras dos seus superiores, a polícia de trânsito teme meter-se em sarilhos se autuar estes VIP por infracção ao código de estrada. Quase admite, como a maioria dos Filipinos, que os altos funcionários, por força de alguma regra obscura, não são obrigados a respeitar a lei.
Como proclamou o novo Presidente, ninguém está acima da lei. E ele tenciona dar o exemplo. O seu governo estará ao serviço do povo, em vez de o olhar de alto. Se Benigno Aquino III cumprir as suas promessas, os Filipinos ficar-lhe-ão eternamente gratos. E o seu discurso de tomada de posse terá, então, marcado o início de uma nova era.
ADD: Benigno Aquino III ‘NOYNOY’
É por este diminutivo que é conhecido o novo Presidente Filipino. Nascido em 1960, pertence à quarta geração política da sua família. O bisavô Servilano, general, protagonizou uma revolta contra o domínio espanhol. O avô, Benigno Jr. foi presidente do parlamento.
O pai, Benigno Jr. ‘Ninoy’, liderou a oposição à ditadura de Ferdinando Marcos, que viria a assassiná-lo. A mãe, Corazon, foi a primeira presidente eleita, após a queda do tirano (morreu em 2009). O novo Presidente, formado em economia, foi deputado e senador do Partido Liberal. Entre as suas primeiras medidas na presidência contam-se a criação de uma comissão para investigar a corrupção do mandato da anterior chefe de Estado, Gloria Macapagal-Arroyo. ‘Noynoy’ namora com uma vereadora e não tem filhos. Gosta de praticar tiros e bilhar, não bebe álcool e tem uma predilecção por jogos de computador, história e música.