Neste momento de júbilo por estarmos a celebrar o nosso segundo aniversário de existência em que atravessámos os mais íngremes percursos, eis-nos de regresso a estas linhas que tão-somente se propõem a dar uma achega aos nossos colegas da pena, dentre jornalistas, escritores, revisores, estudantes desta vertente das letras, docentes e escribas.
Com a proliferação de meios auxiliares às áreas da Comunicação Social (os chamados mass media), da Linguística e outras correlacionadas, como as gramáticas, os prontuários, os dicionários, a Internet, só para citar os mais corriqueiros, afigura-se -nos bastante paradoxal a prodigalidade de erros, imprecisões, e confusões com que somos brindados pelos jornalistas e escritores aos mais diversos níveis.
Qualquer pessoa dotada do mínimo de sensibilidade terá notado que os nossos locutores de rádio e televisão têm demonstrado uma gritante deficiência no que toca à dicção. E o que dizer dos colegas ligados à Imprensa dita escrita?
O panorama nesta área é deveras desolador, sobretudo tendo em conta que quem escreve deve observar mais do que uma leitura, sem descurar o auxílio da Ortografia e Gramática – um dispositivo informático que não é de difícil instalação nos computadores das Redacções – e da revisão por parte de quem tem por tarefa fazê-la. Todavia, quando tanto os redactores/repórteres, como os próprios revisores apresentam grande défice de conhecimentos das mais elementares regras gramaticais, não se pode esperar outra situação senão o caos que tem caracterizado a nossa Imprensa.
Numa avaliação um tanto precipitada, pode parecer fácil, depois deste arrazoado todo, fornecer exemplos ilustrativos do que se tem vindo a abordar de tão prolíferos serem os nossos jornais, revistas, estações de rádio e televisão e – porque não? – livros em matéria de calinadas. Só que nesta altura de contenção de despesas, por razões mais do que óbvias, faltar-nos-ia papel de que tanto precisamos, para dar à estampa tal chorrilho de barbaridades linguísticas…
Se é verdade que os escribas e os nossos locutores manifestam grande falta de preparação, não é menos verdade que os hábitos da leitura não têm sido seu apanágio, pelo que, deste modo, os tempos vindouros não auguram bons ares às nossas letras. Se isto pode servir de consolo aos visados, tendo em conta que tal condição não se verifica apenas com estes, o autor destas linhas tem-se confrontado, na revisão a teses de fim de curso, com trabalhos que são transcritos ipsis verbis de sites no mais primário dos plágios, violando as mais elementares regras do português ainda em vigor no espaço nacional.
É o puro comodismo a assenhorear-se das nossas mentes. As novelas também têm jogado um papel que tem contribuído grandemente no linguajar dos nossos profissionais de comunicação social e, obviamente, em todos os facilmente influenciáveis por elas. São também notórios os malefícios deste meio de nos comunicarmos, designado SMS, por ter o condão de afectar as camadas da população na faixa etária em formação e que, devido à sua vulnerabilidade, não possui ainda discernimento para proceder à devida triagem.
Porque a abordagem desta matéria é um exercício sempre inacabado, ficaremos por aqui na esperança de irmos, sempre que possível, dando a nossa modesta achega, mas sem antes apresentarmos alguns dos erros que se mostram mais triviais. Como forma de criar o hábito da investigação, iremos apenas indicar os erros e a sua correcção, (a negrito, vulgo bold) para que nos interroguemos e procuremos saber da razão de assim se escrever.