Para continuarmos  a fazer jornalismo independente dos políticos e da vontade dos anunciantes o @Verdade passou a ter um preço.

‘@Verdade visto pelos jornais mais representativos

Dois anos é pouco tempo para medir a trajectória de um jornal. Contudo, permite olhar para os sinuosos caminhos percorridos e determinar se o projecto prossegue ou não… Pelo menos é assim como entendem alguns editores de vários jornais da praça que aceitaram tecer comentários a propósito da passagem de mais um ano de presença do @Verdade no mercado moçambicano, desde 27 de Agosto de 2008.

Partindo da necessidade que um grupo de jovens moçambicanos teve de partilhar a informação com o povo que dela necessita e que, entretanto, possui limitações técnicas e financeiras para tal, num país em que só 10 porcento dos 20 milhões da população, na altura, tinha acesso a energia eléctrica e a televisão não chega (va) a um milhão de pessoas, @Verdade surgiu como o primeiro jornal de distribuição gratuita e com o maior número de tiragens, antes calculados em 50 mil e actualmente, por motivos de força maior, reduzidos para 20 mil exemplares, tendo a exiguidade do mercado publicitário jogado um grande papel.

Quando foi dado à estampa, os principais semanários locais imprimiam no máximo cinco mil e no mínimo mil exemplares. O jornal de maior circulação imprimia dez mil cópias por cada edição, das quais três mil eram distribuídas pelos ministérios e sete mil pelo povo, num país habitado por oito milhões de pessoas que sabem ler e escrever.

No entender dos diversos fazedores da opinião pública, o surgimento do @Verdade foi um marco positivo, na medida em que contribui para a diversificação da informação, que ela é credível, sólida, útil ao povo e com uma abordagem própria.

O que dizem eles

“Quanto mais a informação for diversificada, melhor será o desempenho da sociedade em termos democráticos”, quem o diz é Fernando Gonçalves, editor do jornal Savana, para quem, além de ser mais um produto de leitura e informação para a tomada de decisões, @Verdade deu um passo decisivo no avanço da corporização do direito de informar.

No entanto, Gonçalves lamenta: “Ultimamente não tenho acesso ao jornal e raramente o vejo nas ruas”. Entretanto, existem versões a dar conta de que o jornal @Verdade não deve ser visto como concorrente para os outros órgãos de comunicação social impressos, por causa da abordagem e tratamento que dá à informação.

Para o editor do Savana, esta tese não é crível sobretudo porque @Verdade é de distribuição gratuita. “Há leitores que vão preterir os jornais que se vendem, alegando que encontram satisfação no @Verdade”. Nesse contexto, Gonçalves entende que tal dinâmica é cada vez mais útil para a fortificação do direito de informar.

A propósito desta faculdade, o jornal @Verdade tem sido como todos outros, pelo menos no dizer do director editorial do Jornal Zambeze, um órgão que luta para fazer valer esse privilégio na vida das populações, apesar das dificuldades que vão surgindo.

“@Verdade é igual a tantos outros do país que lutam por dizer a verdade e fazer valer um dos direitos nobres, mas de difícil acesso, sobretudo porque a verdade é cada vez mais manietada”. Além de escrever a verdade, Ângelo Munguambe considera que a nossa publicação contribui para o desenvolvimento da cidadania não só informando as massas, mas também na sua formação, dado que cobre a lacuna da falta de leitura que antes se fazia sentir.

“O jornal está a incutir o hábito da leitura nas pessoas e isso é notório às sextas-feiras quando o mesmo acaba de sair”, refere, acrescentado que o produto está a evoluir bastante à medida que o tempo passa, porém é preciso melhorar em termos do aspecto gráfico.

“Estão num bom caminho em termos de qualidade de informação, mas o jornal tem um design compenetrado. Deviam explorar mais a imagem”. À semelhança do director editorial do Zambeze, Lourenço Jossias, editor do Magazine Independente, considera que o jornal pouco evoluiu em termos gráficos. “Eu preferia o design antigo”, disse. Este profissional em jornalismo há muitos anos é também de opinião de que @Verdade entrou com muita força nos primeiros doze meses, mas nos últimos tempos a velocidade baixou.

Portanto, excepto as questões ora mencionadas, Jossias notou uma certa evolução, como também reconheceu que @Verdade representa uma inovação nos moldes de funcionamento e no crescimento do mercado da comunicação em Moçambique. Um ponto de vista compartilhado por João Chamusse, editor do Canal de Moçambique. “De facto, o nosso mercado sai a ganhar com este processo que é muito comum na Europa”.

Para Chamusse, o jornal @Verdade tem o seu próprio espaço, por isso entende que é um jornal e não mais um jornal. “Vocês não discutem com ninguém, têm a vossa abordagem e penso que seja isso que vos diferencia dos outros e vos deixa bem enquadrados no mundo da comunicação social. Portanto, se mudarem acho que vão estragar as coisas porque passarão a ser mais um jornal”.

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