O Ministro moçambicano dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Odelmiro Baloi, disse esta quarta-feira em Maputo que a desvalorização da moeda nacional, o Metical, tem graves reflexos no funcionamento das missões diplomáticas e consulares do país.
Nos últimos anos, o Metical tem estado a depreciar-se face a principais moedas estrangeiras de referência usadas no comércio externo, nomeadamente o rand sul-africano, o dólar americano e o euro.
Em princípios deste ano um dólar equivalia a 27 meticais, mas agora tem o valor cambial de 37 meticais. A mesma tendência verifica-se em relação ao rand que, no mesmo período, a sua troca subiu de três para cinco meticais.
Falando na abertura do Sexto Conselho Coordenador do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação (MINEC), que hoje iniciou em Maputo, Baloi reconheceu que esta situação está a afectar o funcionamento deste sector de actividade.
“É nesse sentido que constatamos que, apesar das melhorias verificadas na gestão dos nossos recursos, as nossas condições materiais e de trabalho, ainda continuam a constituir um desafio”, disse o governante, falando no encontro que decorre até a próxima Sexta-feira sob o lema “Por uma Política Externa e de Cooperação mais pró-activa nos esforços da luta contra a pobreza”.
Segundo Baloi, a conjuntura económico-financeira do país tem estado a ressentir-se dos abalos provocados pela crise financeira e económica internacional e pelos efeitos das mudanças climáticas. Igualmente, Moçambique ressentiu-se da queda do comércio devido a subida dos índices dos preços nas principais economias, entre outros factores.
“É neste cenário que a situação financeira do MINEC deve ser analisada. Na verdade, os últimos dois anos testemunharam uma gestão com dificuldades dada a exiguidade de recursos disponibilizados para o funcionamento desta instituição”, referiu ele.
Oldemiro Baloi disse que a natureza do MINEC requer um acompanhamento atento da dinâmica das relações internacionais por isso mesmo é imperiosa a racionalização do orçamento da instituição bem como o aprimoramento de metodologias de planificação e de prestação de contas para se melhorar o desempenho na gestão de recursos.
Para o Ministro, a superação dos efeitos negativos das crises internacionais (a financeira, energética e de produtos agrícolas) exige maior dinâmica à diplomacia económica e inovação na busca de soluções.
Neste contexto, Baloi disse que a reunião hoje iniciada deve reflectir e formular linhas de orientação estratégicas telinforma 26.08.10 pag.4 para que se possa transformar a crise numa oportunidade e vantagem para o desenvolvimento do país.
“A nossa diplomacia deve continuar a dar o seu contributo para a agenda nacional de desenvolvimento e garantir a manutenção do prestígio e da dignidade que o nosso país tem sabido conquistar ao longo do tempo”, referiu ele.
Fazendo um balanço do desempenho deste sector, desde o ano passado, Baloi disse que o MINEC registou um crescimento tanto em termos de recursos humanos como nos esforços empreendidos para a melhoria da qualidade de trabalho.
O número de funcionários cresceu de 441 para 478 e, ao nível da carreira diplomática, a subida foi de 161 para 185 profissionais. A par deste crescimento, o MINEC realizou concursos de promoção nas diferentes careiras profissionais bem como a retomada do sistema de rotação de funcionários.
Na sequência disso, novos embaixadores foram nomeados e outros transferidos. Além disso, o Governo moçambicano abriu uma nova embaixada na Argélia e um consulado em Mombaça, a capital queniana. Ainda na sua intervenção, o Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação falou dos progressos assinalados por Moçambique ao nível da política externa, tanto na região da Comunidade de Desenvolvimento da Africa Austral (SADC) como na Comunidade dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).
Este Conselho Coordenador reúne funcionários do MINEC ao nível central e nas missões diplomáticas e consulares do país no exterior bem como das instituições subordinadas e tuteladas.