A visita que o Presidente da Zâmbia, Rupiah Banda, efectuada na quarta-feira ao Porto da Beira, no Centro de Moçambique, responde a actividade de marketing que a Empresa Cornelder de Moçambique (CdM) tem vindo a desenvolver com vista a persuadir o sector empresarial e estatal zambiano (e não só) a privilegiar a utilização deste porto nas suas transações trans-oceânicas.
Neste momento, segundo apuramos de fonte da CdM, a Zâmbia é o quarto maior utilizador do Porto da Beira, depois de Moçambique, Malawi e Zimbabué.
A Zâmbia é um dos maiores exportadores de mineiros (cobre) na Região da África Austral.
Sabe-se que nas suas transações transoceânicas o País tem privilegiado o Porto de Durban, na África do Sul, em parte na sequência de acordos firmados, muitos deles estabelecidos na época em que os Corredores Moçambicanos não era possível a sua utilização devido a acção da guerra de desestabilização, que a RSA fomentou.
Hoje o País está em Paz, com os seus corredores todos a funcionarem normalmente, pelo que a Cornelder de Moçambique, concessionária da gestão do Porto da Beira, considera esse momento oportuno para se trabalhar no sentido de inverter o cenário prevalecente que beneficia Durban.
Recentemente esta empresa mista que envolve investidores nacionais e holandeses enviou uma missão de marketing à capital zambiana, Lusaka, onde promoveu uma série de contactos com homens de negócio e entidades oficiais locais com o objectivo de apresentar as potencialidades e vantagens comparativas que o Porto da Beira oferece.
A localização geo-estratégica do Porto da Beira, a sua utilização pelos países do Interlande, incluindo Zâmbia, confere maiores benefícios comparativamente ao Porto de Durban que fica mais distante.
Além de encurtar distância ou ser o porto mais acessível ao nível da região, o Porto da Bera beneficia ainda do privilégio de ser um dos mais modernos e competitivos nessa zona do continente.
No entanto, não basta o factor distância e modernidade das suas infraestruturas para tornar-se competitivo.
Numa entrevista que o Administrador Delegado da Cornelder de Moçambique, Carlos Mesquita, concedeu ao nosso jornal, passa já algum tempo, referia-se a outros elementos importantes que requerem o envolvimento multisectorial, tanto ao nível do próprio Governo de Moçambique assim como do sector privado e demais instituições.
Na altura Carlos Mesquita defendia que era preciso continuar a incrementar acções conducentes a boa navegabilidade sobretudo no canal de acesso do Porto da Beira, para acabar com a situação de restrições de entrada de navios de grande calado.
Defendia também a importância do País dispor de estradas com boas condições de transitabilidade, a adopção de taxas de circulação rodoviária acessíveis e ou competitivas na região; além da redução de procedimentos burocráticos tanto ao nível dos serviços aduaneiros, migração e outras instituições que interagem nesses processos, por exemplo melhorar também a postura dos agentes da Polícia de Trânsito e garantir níveis de segurança aceitáveis.
Atingindo esse nível de prestação, refira-se, não é somente o Porto da Beira e ou a Cornelder de Moçambique sairiam a ganhar. Toda cadeia de ambiente de negócios e de investimentos registaria cada vez melhoria e com isso o País estaria em condições privilegiadas de atrair mais investimentos.
Ainda bem que a dragagem do canal de acesso do porto já iniciou, mas faltam ainda os desafios inerentes as restantes áreas.?