Os líderes da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) decidiram adiar a entrada em vigor da União Aduaneira prevista, em princípio, para 2010, por haver uma necessidade de efectuar mais estudos sobre a integração e o seu impacto nas economias dos países membros.
Apesar do adiamento consensual, os estados membros reafirmam a manutenção do compromisso e a marcha rumo às fases subsequentes até a União Monetária em 2016 e finalmente a Moeda Única em 2018, isto é, num horizonte temporal de apenas oito anos. Falando na conferência de imprensa na terca-feira, aqui em Windhoek, capital da Namíbia, pouco antes do cair do pano da 30ª Cimeira Ordinária dos Chefes de Estado e de Governo da SADC, o Presidente moçambicano, Armando Guebuza, disse que a união aduaneira foi adiada, mas mantém-se o compromisso.
“Decidimos que se deve continuar a fazer mais estudos sobre a situação da região que vão, sem dúvida, ajudar a responder melhor todas as questões ligadas a integração regional”, disse Guebuza, apontando que há várias ideias e uma delas é ver, primeiro, o que é que a zona económica produziu, o seu nível de satisfação das necessidades do bloco, para daí avançar-se para a outra fase.
No entanto, segundo o presidente, Moçambique cumpriu com todos os compromissos, mas não pode avançar sozinho e precisa também de fazer o balanço para avaliar o impacto na sua economia desde a entrada em vigor, desde 2008, da Zona de Comércio Livre, primeiro passo no processo de integração regional.
Em relação a cimeira de Windhoek, berço de nascimento da SADC em 1992, após a sua transformação da então Conferência Coordenadora para o Desenvolvimento da África Austral (SADCC) para o actual órgão, questões ligadas a paz e segurança, energia e desenvolvimento de infra-estruturas, alívio a pobreza, criação de emprego, segurança alimentar entre outros assuntos foram a tónica dominante.
Armando Guebuza disse que os objectivos traçados foram efectivamente concretizados a começar pela aprovação do relatório submetido pela Troika da SADC, órgão por ele dirigido, sobre a situação política, segurança e defesa.
“O trabalho feito pelo órgão sob a nossa direcção foi considerado correcto, apesar de não termos alcançado os objectivos que nós queremos ainda, me refiro a situação política do Madagáscar, Lesotho assim como do Zimbabwe”, explicou Guebuza, apontando, contudo, que nos dois últimos países, tem havido progressos notórios.
Sobre a radiografia do bloco regional face a crise económica mundial, os líderes da SADC afirmaram, a viva voz, que a região não está muito má se comparada, por exemplo, ao ano 2009, apesar de se ressentir ainda de algumas mazelas deste fenómeno mundial.
“Não se pode dizer que a SADC está muito má se comparada com o ano anterior e também fizeram-se algumas reflexões que levarão a realização de uma reunião extraordinária da cimeira”, revelou o líder da Troika.
A cimeira extraordinária será realizada, em princípio, dentro de seis meses, para reflectir sobre as realizações até então feitas pela SADC, o respectivo ritmo de concretização e quiçá adoptar estratégias conducentes a um trabalho em consonância com os desafios existentes no mundo de hoje que exige um passo muito mais acelerado.
Aliás, o presidente cessante, Joseph Kabila, disse segunda-feira, no seu último discurso como líder da SADC, que nos trabalhos da cimeira haveria necessidade de avaliar o ritmo de implementação dos programas preconizados na agenda de integração regional, mas o certo é que ela é irreversível.
Na conferência de imprensa Guebuza felicitou, uma vez mais, os dois jornalistas moçambicanos que conquistaram o Prémio Jornalístico SADC, edição 2010, afirmando que as respectivas conquistas que não acontecem pela primeira vez mostram que os moçambicanos são capazes de muito mais.