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Rede de Líderes Africanos na Área de Agronegócios com Homólogos nos EUA

Nove líderes na área de agronegócios incluíram o Fórum AGOA na sua agenda ao percorrerem os Estados Unidos numa visita a explorações agrícolas e fabricantes de equipamento. O grupo está à procura de formas de melhorar a irrigação, produtividade e armazenagem na agricultura bem como de acrescentar valor aos produtos agrícolas, utilizando equipamento e tecnologias ultramodernos e outros factores de produção.

A sua paragem em Kansas City para o Fórum AGOA, também conhecido como Fórum de Comércio e Cooperação Económica EUA-África Subsariana, permitiu-lhes contactar com empresas americanas do sector privado.A sua viagem também os levou a Idaho, Iowa, Kansas, Minnesota, Missouri e North Dakota no âmbito duma missão comercial aos Estados Unidos patrocinada pela Agência dos Estados Unidos de Comércio e Desenvolvimento.

Quatro membros da delegação conversaram com o America.gov a 5 de Agosto no fórum, depois de visitarem explorações agrícolas em Idaho. Na AGOA a delegação também se encontrou com representantes da agência dos EUA para se informarem acerca de programas de financiamento patrocinados pelo governo para o desenvolvimento de agronegócios.

Anthony Poorter de Emvest, África do Sul, disse que a sua empresa, que se dedica à gestão agrícola, opera actualmente na Zâmbia, em Moçambique, na Suazilândia, na África do Sul e no Botsuana. “Pensamos que há falta de bons terrenos agrícolas no mundo e que a África é o último recurso inexplorado de boas terras. Acreditamos que o custo de terrenos bons vai aumentar mundialmente”.

A África Austral tem condições geográficas muito próximas das da América do Sul e, portanto, “pode copiar as grandes planícies sul-americanas produtoras de cereais na África Austral”.

Da sua experiência no Fórum AGOA e em Idaho, Poorter disse que a missão comercial “foi uma iniciativa extremamente positiva. Do meu ponto de vista, encontrei-me com várias pessoas que se transformarão em relações não só nos EUA mas também em África… O nosso desafio em África é que, em grande medida, não estamos directamente em contacto com as técnicas ultramodernas que são empregues nos EUA, mas é algo que estamos a procurar fazer. Nós, na nossa organização, estamos conscienciosamente à procura sempre de novas tecnologias e esta tem sido uma plataforma muito boa para tentar resolver isso”.

Poorter declarou que quer criar mercados para nozes de macadâmia e pimentão picante e quer explorar a cultura e exportação de alho. “Havendo sinergias, estamos em lados opostos do Equador e por isso podemos explorar a diferença sazonal”. O que também é importante para a sua companhia é a criação de infra-estruturas em África, disse ele. “Os projectos que nós identificamos não são viáveis se não houver infra-estruturas”. Para ilustrar este ponto, ele disse que a sua companhia possui 400.000 hectares de terreno em África no qual cultiva bananas para exportação, mas foi necessário construir uma barragem para tornar o projecto viável.

Outro membro da sua delegação, Wilma E. Aguele de Wilbahi Investments Ltd. na Nigéria, disse que a sua companhia produz cajus, ananases, óleo de palma, milho e mandioca e também se dedica ao desenvolvimento de propriedades. Ela afirmou que um ponto alto da sua visita foi uma visita aos campos para ver a plantação e a colheita e a importância do valor acrescentado. Ela disse que o valor acrescentado é “extremamente importante na Nigéria porque… apenas 2% de todas as culturas colhidas e exportadas para fora da Nigéria têm valor acrescentado”.

“Por causa disso [da falta de valor acrescentado] os agricultores não têm um salário. Não têm um rendimento”, explicou. “Por isso temos estado expostos ao facto de que podemos fazer integração vertical para a produção principal, acrescentar valor, até a logística para movimentar os produtos”.

Em relação aos ananases, Aguele disse que a sua companhia pretende extrair o sumo e vender o concentrado por atacado a empresas que produzem pacotes de sumo. Além disso, esteve em Idaho com a restante delegação, antes de participar na AGOA, para se informar acerca de batatas. Ela disse que em breve a sua empresa irá cultivar 1.000 hectares de batatas do Idaho na Nigéria e quer obter receitas do valor acrescentado transformando estas batatas em batatas fritas, flocos ou fécula para venda a retalho.

Ela declarou que é muito importante que os agricultores tenham espaço adequado para armazenagem dos seus produtos e evitar que essas culturas se estraguem. Aguele disse que a sua empresa está actualmente a cultivar 800 hectares de óleo de palma e 100 hectares de cajus. Em última análise, a sua companhia tem acesso a 14.000 hectares, acrescentou.

COMÉRCIO INTRA-ÁFRICA

Wainaina Kung’u de Export Trading Company Ltd. no Quénia disse que, embora seja importante informar-se acerca do comércio com os Estados Unidos, o comércio intra-africano também é importante. “Há tanto que podemos fazer entre nós, mas que não fazemos. Por isso considerei muito positivo encontrar outros delegados nesta missão”. Em segundo lugar, pode ser “extremamente estimulante” considerar o potencial da agricultura em África pois fornece um objectivo para o qual trabalhar.

“Passámos três dias excitantes em Idaho. Vimos a cultura de batatas… visitámos concessionárias de equipamento de irrigação. Nesse processo, quando se vê o tipo de apoio que os fabricantes nos Estados Unidos dão aos seus clientes, é exemplar”, disse Kungu.

“Quando se tem esse tipo de apoio, acrescentou, não há alternativa senão ter êxito. Qual seria a desculpa? Se com esse tipo de apoio não se conseguir ter êxito, então é melhor não se dedicar à agricultura”.

Kungu disse que a sua empresa comercializa produtos secos e compra aos pequenos agricultores que muitas vezes vendem dois sacos de milho cada um e que se juntam em cooperativas para vender em grandes quantidade. Kungu disse que essas culturas então têm que ser classificadas, limpas e armazenadas e por isso está à procura de parceiros nessas áreas. A África é um importador líquido de alimentos e por isso “vai passar muito tempo até” que a África possa exportar milho para os Estados Unidos.

Nasir Giwa, presidente de Giwa Farms Ltd. da Nigéria, disse que a missão comercial e a visita ao fórum AGOA “serviu para abrir os olhos. Temos estado a cultivar, mas acabei de compreender que não temos estado a participar em ciência agrícola. A viagem abriu-me os olhos para as diferenças entre a agricultura na Nigéria e a agricultura nos Estados Unidos”.

Giwa disse que, com o que viu nos Estados Unidos até ao momento, com o equipamento certo, “podemos fazer muito” para melhorar a produção agrícola em África. “Muitas pessoas no meu país dedicam-se à agricultura e dentro de pouco tempo abandonam-na devido” ao fraco rendimento. Os agricultores americanos estão a utilizar máquinas de precisão enquanto que na Nigéria os plantadores muitas vezes destroem as sementes antes de serem plantadas ou semeiam a quantidade errada. “Vimos debulhadoras em acção” que tiveram bastante sucesso, acrescentou.

Actualmente, há 150 milhões de pessoas na Nigéria, o que deve duplicar nos próximos 30 anos, “por isso pode-se imaginar que a agricultura no nosso país é fundamental para podermos alimentar esta grande população”, disse ele.

Giwa disse que a sua companhia cultiva produtos hortícolas, arroz, banana-da-terra, bananas e mandioca. A sua parte favorita da missão comercial foi a visita ao Fórum AGOA. “Esta reunião garantiu-me que podemos fazer isso. Vimos muita tecnologia e muitas coisas a serem implementadas, mas precisamos da colaboração de companhias experientes e foi isto o que esta reunião proporcionou. Posso dizer-lhe que me encontrei com um número razoável de companhias aqui e… já temos um cronograma de como vamos prosseguir as nossas discussões” em especial sobre a compra de equipamento agrícola. Giwa disse que a sua companhia está a cultivar agora apenas 2.500 dos 27.000 acres (10.927 hectares) de terra arável e por isso afirmou que “tem um grande potencial para se tornar uma companhia agrícola e de produção de alimentos em grande escala na África Ocidental, que precisa de todos os alimentos que puder produzir”.

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