O presidente russo Dmitry Medvedev pediu na segunda-feira à elite empresarial do país que ajude a reconstruir aldeias destruídas pelos incêndios florestais das últimas semanas, que parecem agora fadados a extinguirem-se graças à chegada da chuva. Nos últimos 50 dias, a Rússia enfrenta a pior onda de calor da sua história.
Dezenas de pessoas morreram diretamente por causa dos incêndios, mas a fumaça contribuiu para que a taxa de mortalidade em Moscou duplicasse. Lavouras de grãos foram destruídas, e economistas preveem que o PIB do país pode perder 14 bilhões de dólares neste ano.
Medvedev convocou os magnatas – nomes como Oleg Deripaska, dono da maior empresa mundial de alumínio, a Rusal, e Vladimir Potanin, acionista da mineradora de níquel Norilsk – para a sua residência oficial de verão em Sochi, à beira do mar Negro. “Levando em conta a atitude da sociedade em relação a esse problema e a escala do desastre, acredito que podemos lidar com como os empreendedores podem participar do enfrentamento das consequências,” disse Medvedev.
Deripaska respondeu prometendo construir 50 casas. Vladimir Yevtushenkov, diretor da holding Sistema, que abarca de petróleo a telecomunicações, disse estar disposto a contribuir com até 20 milhões de rublos (654,9 mil dólares).
Não é a primeira vez que o governo russo pede ajuda de empresários para projetos sociais ou industriais do Estado. Os magnatas, dos quais a maioria lucrou com as polêmicas privatizações da década de 1990, em geral, colaboram. O governo prometeu casas de até 2 milhões de rublos (65.490 dólares) para todas as 3.000 pessoas que ficaram desabrigadas por causa do incêndio. Meteorologistas russos previram chuvas de segunda a quarta-feira, mas acrescentaram que ainda há chances de novos incêndios.
Também na segunda-feira, o primeiro-ministro Vladimir Putin visitou pântanos de turfa que queimam nos arredores de Moscou, para supervisionar a operação de 1 bilhão de dólares destinada a inundá-los. Putin também ordenou que autoridades locais enfrentem os furacões que deixaram milhares de casas sem eletricidade no noroeste da Rússia e afetaram o tráfego ferroviário entre Moscou e São Petersburgo.
Os incêndios florestais expõem a pobreza em áreas rurais da Rússia onde empregos são escassos e onde muitos sobrevivem cultivando pequenos terrenos e colhendo frutas silvestres. “Para ser honesto, a vida não era tão doce nem mesmo antes dos incêndios,” disse Medvedev. “Tudo queimou por lá. Será impossível colher cogumelos ou frutas silvestres nos próximos anos.”