O Níger enfrenta neste momento a pior crise alimentar da sua história. O Programa Alimentar Mundial diz que cerca de 300 mil crianças no Níger, cerca de uma em cinco, estão severamente subnutridas. Este anúncio surge numa altura em que a organização de caridade Save the Children alerta que as piores inundações de sempre, estão a devastar ainda mais o país.
Os dados apresentados pelo PAM, baseados em sondagens nacionais feitas em Maio e Junho, estão muito acima do limite de 15% usado normalmente para declarar uma emergência. Para fazer face à sub nutrição, o Programa Alimentar Mundial pediu 213 milhões de dólares em ajuda, mas apenas 60% desse montante foi disponibilizado pelos doadores, revelou um porta-voz.
Cheias devastadoras
Entretanto, a organização humanitária Save the Children alerta que as inundações estão a devastar mais ainda o Níger. Após longos períodos de secas severas, o país está agora a enfrentar as piores cheias causadas pelas maiores enchentes no rio Níger, em 80 anos. Amy Reed da Save the Children acaba de regressar de Zinder, uma das regiões mais afectas.
Falando à BBC, ela descreveu o cenário que se vive no Níger: “As estradas estão submersas, estão em baixo das águas, dificultando o transporte de ajuda para a população nas zonas afectadas. As pessoas estão a ter dificuldades em chegar aos centros de saúde para se tratarem”, disse.
“As plantações de cereais foram invadidas pelas águas, o que irá ter efeitos nas colheitas do próximo ano. Os animais estão a morrer, tornando-se uma ameaça a saúde, pois os seus restos são transportados pelas águas”, acrescentou Amy Reed.
A representante da Save the Children disse ainda que a sub nutrição estava a enfraquecer o sistema imunológico das crianças, tornando-as mais vulneráveis as doenças respiratórias e transmitidas através da água: “No Níger, a crise alimentar já era uma das piores de sempre, em todo o mundo, em termos de número de pessoas afectadas. E agora as cheias estão a causar ainda mais problemas de saúde para as crianças, principalmente as crianças com menos de 5 anos de idade que são muito vulneráveis as diarreias, infecções respiratórias e outras doenças transmitidas pela água”, afirmou a representante da Save the Children.
