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60 Segundos com Maria Elisa

60 Segundos com Maria Elisa

Correr e continuar a correr até ao fim é o desejo de Maria Elisa, a jovem de 18 anos, residente no bairro de Laulane, em Maputo. Vencedora da única medalha de ouro para Moçambique nos sétimos jogos da CPLP, a nossa campeã deixou-nos ficar um pouco sobre os seus desejos, anseios e dificuldades.

(@Verdade) – Quem é Maria Elisa?

(Maria Elisa) – É uma moça de 18 anos, simpática, alegre, um pouquinho preguiçosa e que tenta cada vez mais alcançar aquilo que sonha e gosta de fazer.

(@V) – Que coisas?

(ME) – Gosto de me relacionar bem com as pessoas e ficar em paz comigo mesma. O meu sonho é continuar a correr e conquistar muitas medalhas em grandes pistas e levantar troféus em pódios internacionais.

(@V) – Inspiraste em alguém?

(ME) – Sim. Em Lurdes Mutola. É minha fonte de inspiração e gostaria de percorrer os caminhos por que passou e experimentar o sabor das grandes proezas e glórias que viveu.

(@V) – Estudas?

(ME) – Sim. Frequento a nona classe numa escola secundária lá do meu bairro.

(@V) – Com quem vives?

(ME) – Com os meus pais, irmãos e a minha cunhada.

(@V) – Como atleta qual é o tratamento que te dão?

(ME) – Bom. O meu pai me apoia e incentiva bastante. Os meus irmãos me encorajam a continuar. A minha mãe critica-me quando não vou aos treinos. É uma família que quer me ver para frente.

(@V) – Quem mais te incentiva a continuar.

(ME) – Os meus amigos, o treinador e todos que me conhecem e sabem que gosto de correr

(@V) – Sendo assim não tens porque te queixar. Tens tudo para chegar longe?

(ME) – Tudo não. As palavras não são tudo. Preciso também de apoios materiais. Corro porque gosto, caso contrário já teria desistido por falta de ajuda. Muitas vezes treino no meu bairro não por querer, mas por não ter dinheiro para o transporte para a cidade onde fica a pista. Tenho me confrontado com problemas básicos.

(@V) – E o teu clube, o que faz por ti?

(ME) – O básico. De lá também não me vem grandes apoios.

(@V) – O que é o básico?

(ME) – O título e a sensação de pertencer a um clube.

 (@V) – Falando em sensação, qual foi a de participar nos jogos da CPLP?

(ME) – Muito boa, sobretudo porque honrei o país com a única medalha de ouro.

(@V) – A propósito, como conseguiste tal façanha?

(ME) – Foi graças ao trabalho de preparação que o meu mister me submeteu antes.

(@V) – Vimos-te ali a correr sozinha, enquanto as tuas companheiras estiveram acompanhadas, como conseguiste tal proeza, se mal consegues ver?

(ME) – Foi fácil porque conheço perfeitamente a pista. Já lá treinei muitas vezes e aquilo não foi surpresa. Todas terças e quartas-feiras treino naquele local.

(@V) – Queres dizer que conheces de cor os segredos do local?

(ME) – Digamos que sim. Mas é preciso perceber que eu não sou cega e sim uma deficiente visual, com isso quero dizer que vejo até uma certa distância.

(@V) – E que distância é essa?

(ME) – Vejo até um raio de 30 metros.

(@V) – És assim desde a nascença?

(ME) – Não. Isto surgiu de repente, há uns quatro ou cinco anos se a memória não me falha. Fui ao hospital e disseram que tinha de pôr óculos, mas a medida que o tempo passou também foi piorando.

(@V) – E as tuas adversárias?

(ME) – Não sei. Mas posso imaginar que estão na mesma condição, caso não, estaríamos em provas diferentes.

(@V) – Então, o conhecimento que tens sobre a pista contou muito para a vitória que alcançaste?

(ME) – Não só. As minhas adversárias também tiveram a oportunidade de conhecer e experimentar a pista antes da competição. A meu ver foram os treinos intensos que tive durante esse tempo.

(@V) – Daqui para frente quais são os teus planos?

(ME) – Treinar mais e correr mais até ao fim.

(@V) – E com o ouro que ganhaste, o que farás?

(ME) Vai entrar na minha lista de colecções esperando todos outros que estão por vir.

(@V) – E para quem o dedicas?

(ME) – A minha família e ao meu incansável treinador.

(@V) – Qual é a avaliação que fazes dos Jogos da CPLP?

(ME) – Positiva, pelo menos naquilo que notei, que é o alojamento, alimentação e convivência entre as delegações.

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