Foi em Fevereiro que funcionários do Instituto Nacional da Acção Social (INAS), delegação de Quelimane, em carta denuncia que o nosso jornal possui, levantaram um “pé-de-vento” contra o seu delegado, Leonel Mussá e sua de Repartição de Administração e Finanças (RAF), Rosana Conceição Tivir. Tudo segundo a carta denuncia dos trabalhadores, prende-se com os alegados desmandos protagonizados por estes dois superiores. Importa referir que a carta foi entregue ao Gabinete Provincial de Combate a Corrupção, Polícia de Investigação Criminal, actual Serviço de Investigação Criminal (SCRIM).
Numa carta com o título “denuncia”, os funcionários do INAS em Quelimane, alegam que o delegado Leonel e a chefe da RAF, Rosana Tivir, andam com conluio, ou seja, desenham acções de “roubo” no INAS juntos. E não só, indo ao fundo da carta, aqueles funcionários dizem também que estes dois seniores do INAS para lograrem os seus intentos, entram em conexão com alguns agentes económicos da praça, a destacar a Casa SHAQUIL, CONSEMP, Papelaria Pratik, Khan Auto Service, sendo estas casas as fornecedores de bens do tipo, material de expediente, alimentação, materiais de construção e reparação de meios circulantes na instituição. Por outro lado, a carta refere também que estes agentes, emitem facturas justificando cheques que a instituição fornece em como estivesse a pagar despesas, o que em certos casos nada é levantado, mas sim depois dai saem valores das contas do INAS.
CASO A CASO
Na carta em nosso poder, pode-se ver com inquietações dos funcionários as diversas aquisições feitas pelo delegado daquela instituição em menos de três anos que ele está enfrente daquela instituição. Destas aquisições, os funcionários referem que Leonel Mussá, adquiriu um talhão situado na avenida Julius Nherere, enfrente do Cemitério muçulmano, onde neste momento está a erguer uma casa do tipo duplex com licença de obra 3669/008, cuja mesma casa está registada em nome da sua esposa. Na senda dos talhões, o delegado é acusado de ter mais cinco, estando localizados na zona do Instituto de Ciências de Saúde de Quelimane, outro no bairro Namuinho (onde fez sua quinta), um na praia de Zalala e outro no bairro de Sangariveira, também arredores de Quelimane.
COMPRA DE VIATURAS
Neste mesmo período segundo a mesma carta, Mussá terá comprado uma viatura ligeira da marca VOLKWAGEN, com a chapa de inscrição MLK 78-68, para sua esposa, mas cuja manutenção desta mesma viatura é suportado pelos dinheiros do INAS, quer dizer do bolso do cidadão.
O QUE TEM A CHEFE DA RAF
Rosana Tivir é acusada pelos seus colegas de ter três talhões sendo um no bairro aeroporto, mesmo enfrente da Universidade Mussá Bin Bique, outro situado no ICS, onde construiu uma casa em três meses. Outro talhão da sra chefe da RAF, está em Sangariveira. E não só, a chefe da RAF, comprou segundo os colegas uma viatura Mitsubishi SI GUTS, com a chapa de matrícula marca MLK 50- 04. Para além disso, a chefe assim como seu delegado, abriram diversas contas bancárias na praça, incluindo até para os respectivos filhos, diz a carta denúncia do INAS.
NÃO PAGAMENTO DE SUBSÍDIOS A IDOSOS
Sendo a missão do INAS apoiar pessoas carenciadas, os funcionários denunciam também que ate Fevereiro deste ano, não tinham sido pagos os subsídios de alimentação referentes ao mês de Dezembro, nos distritos sob tutela do INAS-Quelimane. As razoes segundo aquilo que se lê na carta, prendem-se com o possível desvio de 400.000, 00Mt, valor este que este foi provavelmente terá sido dado a casa SHAQUIL. A casa SHAQUIL é o local onde o delegado e sua chefe da RAF, levantam produtos alimentares para seu uso, mas que no final, o pagamento sai das contas do INAS.
Em 2009, foi desviado um fundo de rubrica de Unidades Sociais acima de 150.000, 00Mt, usado como justificação a montagem de cortinado no Centro de Apoio a Velhice, situado no bairro Coalane. Na verdade, não houve montagem de cortinado nenhum e o valor ficou com os dois superiores.
ADMISSÕES AMIGÁVEIS
Na mesma carta em nosso poder, pode-se aferir que desde finais de 2005 que o delegado tomou posse, nunca houve ingresso por meio de concurso público. Tudo funciona na base de amiguismo e familiaridade. Se não vejamos: Um cidadão de nome Domingos Ismael Obra, foi admitido como motorista daquela instituição, mas que não houve concurso.
Pouco tempo soube-se que este fulano é familiar do delegado. Todavia, sendo ele motorista, este perpetrou um acidente de viação em Mopeia, mesmo depois de a polícia ter dado evidências contrárias a aquilo que a vítima teria dito, nada foi feito. Em Novembro de 2009, o mesmo efectuou uma viagem a província de Inhambane, teve problemas com a viatura que conduzia, mas nada foi feito, mesmo sabendo que foi por negligência. Neste momento a viatura está numa das oficinas e custará aos cofres do estado, pouco mais de 86.000,00Mt e que até agora foram pagos os 50 porcentos.
OUTRAS BARBARIDADES
Os funcionários do INAS cansados de olhar em vão, denunciam também que dentre as barbaridades cometidas pelo delegado, figuram o pagamento de ajudas de custos, mesmo sem lógica. Só para dar um exemplo, os funcionários dizem que aquando do falecimento do cunhado do delegado em Marromeu, província de Sofala, este mobilizou duas viaturas da instituição, junto um motorista, assim como uma funcionária de nome Ana Paula Candelac, por sinal sua cunhada, e seguiram viagem a Marromeu a fim de participarem nas cerimónias fúnebres.
Nesta mesma viagem, foram processadas ajudas de custos para um periodo de três dias conforme as guias de marcha nr 11/C/4 de 21 de Janeiro de 2008. Também, nesta mesma viagem, foi alugado um auto-carro e abastecido com fundos do INAS. Em Setembro de 2009, houve deslocação de três chefes de repartições a província nortenha de Nampula para troca de experiência, nesta mesma missão, o delegado fez constar seu nome como estivesse também na equipa, tendo sido sacado das contas do INAS cerca de 127.500.00Mt, por um período de quinze dias.
Só que o mais incrível, o delegado não viajou e nem sequer devolveu o valor. Num período não especificado, os funcionários denunciam que a chefe da RAF beneficiou-se de ajudas de custo segundo as guias em nosso poder, mas que no entanto, a mesma estava em gozo da licença anual, segundo pode-se ver no livro de ponto em uso naquela delegação e outros processos atinentes.
O CASO ESTÁ NO GABINETE DE COMBATE A CORRUPÇÃO
Depois desta carta denúncia, que para além de estar na posse do nosso jornal, aliás, podemos frisar que é um processo completo, a mesma como dissemos em parágrafos anteriores, deu entrada no Gabinete de Combate a Corrupção ao nível desta província. E esta segunda-feira, houve audiência dos acusados, depois de uma outra havida na semana passada.
O juiz que tem o processo nas mãos, chama-se Amâncio Zimba e falando esta segunda-feira a comunicação social, este confirmou ter recebido o expediente dos funcionários e que neste momento tudo está sendo feito para que se apure a matéria dos factos. De acordo com Juiz Zimba, se apurarem elementos suficientes, pode-se mesmo concluiu que no INAS-Quelimane, houve saque de dinheiros do erário público. E não sendo esta a prática que o estado quer, os mentores serão punidos, quer dizer levados a justiça para responderem pelos seus actos.