Para continuarmos  a fazer jornalismo independente dos políticos e da vontade dos anunciantes o @Verdade passou a ter um preço.

Epidemia de cólera assola cidade de Nampula

A cidade de Nampula está assolada por uma epidemia de cólera que, apesar de não ter feito nenhum óbito, vinte dias após a sua eclosão registou um total de 29 casos cumulativos da doença que, segundo as autoridades provinciais do sector da saúde, pode agravar-se a qualquer momento, porquanto a edilidade já reconheceu a sua incapacidade de garantir a recolha de resíduos sólidos que constituem a principal causa da degradação do meio ambiente.

Num encontro convocado, no domingo, de emergência para a definição da estratégia visando a prevenção e o combate da cólera em Nampula por parte do Conselho Técnico Provincial, a médicachefe Sãozinha Agostinho disse que, face à nova eclosão da epidemia que foi dada como controlada em finais de Junho passado, foi reaberto o centro de tratamento da doença para acolher todos os casos.

Sãozinha Agostinho não escondeu a sua apreensão decorrente das condições do saneamento do meio ambiente que, na sua análise é precário, devido à deficiência da limpeza, recolha e tratamento dos resíduos sólidos. Aliás, a sua inquietação agrava-se, ainda, quando se sabe que a edilidade já veio a público reconhecer a sua incapacidade de garantir a remoção do lixo, alegadamente por escassez de meios.

Por outro lado, conclusões de um estudo feito pelo sector da saúde sobre as causas da eclosão da epidemia de cólera antes do início das chuvas em Nampula, indicam que as populações locais não observam os aspectos de higiene individual e colectiva. O modelo de urbanização da cidade torna irrelevante a abertura obrigatória de latrinas nas residências, pois, em muitos casos o poço situa-se num nível abaixo da fossa, o que facilita a contaminação da água.

Os bairros de Muatala e Murrapaniua, que são atravessados por um sistema de drenagem a céu aberto, e de Namutequeliua, onde correm as águas do rio Mutomote, são os que mais casos de cólera e diarreias agudas registam, sobretudo em adultos nas últimas duas semanas, o que, segundo aquele responsável, subentende tratar-se de uma situação muito preocupante.

Ela admitiu que, se a cidade de Nampula vier a registar chuvas nos próximos dias, a epidemia de cólera poderá atingir níveis incomensurável, sendo, por isso, necessário intensificar as acções de prevenção da doença que se traduzam no tratamento dos poços, tanques de águas dos edifícios residenciais, escolares, prisionais, incluíndo unidades militares e esquadras da polícia com produtos apropriados.

Adicionalmente, proibir a venda de comidas nos mercados e outras actividades que são exercidas sem o mínimo de higiene do pessoal envolvido e dos próprios locais, como mobilizar os trabalhadores em geral para aderir às jornadas voluntárias de limpeza da cidade, em particular dos locais considerados principais focos de disseminação da cólera, entre valas de drenagem, incluíndo a abertura de aterros para depósito do lixo face às dificuldades de remoção para a lixeira municipal por parte da edilidade.

O alerta em relação à degradação do saneamento do meio nos grandes centros populacionais em Nampula foi dado entre os meses de Janeiro e Abril, durante os quais a cólera matou duas pessoas de um total de 244 casos cumulativos, de acordo com dados fornecidos, anteontem, pelo sector da Saúde. Os óbitos foram registados nos distritos de Erati, Malema e cidade de Nampula.

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Related Posts