O Estado moçambicano formalizou esta segunda-feira a venda do património da Vidreira e Cristalaria de Moçambique à empresa SONIL Moçambique Ltd, que deverá restaurar estas fábricas e começar com a produção dentro de um período de um ano. O contrato rubricado preconiza o pagamento de 3,1 milhões de dólares ao Estado moçambicano e marca o renascer da fábrica que se encontra paralisada há cerca de 10 anos, além de constituir uma oportunidade de emprego para pelo menos 200 pessoas, segundo os planos.
“A assinatura deste contrato marca o culminar de várias negociações com a SONIL, mas também início de uma actividade que esperamos seja o princípio da reactivação das empresas Vidreira e Cristalaria de Moçambique”, disse Hipólito Hamela, presidente do Conselho de Administração do Instituto de Gestão das Participações do Estado (IGEPE). “Para nós, o mais importante é arrancar com a fábrica e empregar pessoas, não o valor do contrato como tal”, acrescentou Hamela.
Por seu turno, Mohamed Abdul Satar, que falou em nome da SONIL Moçambique, disse estar satisfeito com a escolha da sua empresa para a compra destes empreendimentos. “Espero que no futuro, todos vocês estejam satisfeitos quando a fábrica começar a funcionar”, disse Satar.
SONIL é uma empresa de ramo familiar com interesses em diversas áreas da actividade comercial, desde a produção e comercialização de chá, tabaco, entre outros produtos. Recentemente, esta empresa embarcou para o ramo de produção de embalagem e agora pretende operar na fábrica de vidro. Depois da assinatura deste contrato, a empresa pretende fazer outras pesquisas adicionais de modo a arrancar com a produção de vidro. Dentre várias actividades, a SONIL vai também montar um sistema eléctrico a funcionar com base no gás natural explorado pela petroquímica sul-africana Sasol em Pande, província meridional de Inhambane.
Os termos do acordo indicam que a empresa deverá investir cerca de dois milhões de dólares para reactivar a fábrica dentro de um ano, segundo disse Santos Gonzaga, administrador do IGEPE. Após esta fase, segue a de expansão e aumento da produção, desafios que poderão custar um investimento acima de sete milhões de dólares americanos.
A Vidreira de Moçambique foi a primeira empresa produtora de vidro para embalagem montada no país, na altura província ultramarina portuguesa. Nacionalizada com o advento da independência, ela deixou de funcionar com o início da guerra civil dos 16 anos terminada em 1992. Em Dezembro de 1996, a firma foi vendida à portuguesa Barbosa & Almeida que retomou a produção em 1998, mas pouco depois abandonou o negócio e a actividade da firma novamente interrompida.
Até antes da assinatura do contrato de hoje, a Vidreira de Moçambique fazia parte do conjunto de 27 por cento do total de 131 empresas participadas pelo Estado que se encontram paralisadas. Gonzaga explicou que havia várias empresas interessadas em comprar a Vidreira, mas a única proposta viável foi a da SONIL. Segundo Gonzaga, o mais viável para o IGEPE era encontrar uma empresa interessada em restaurar a produção de vidro no país, desafio que não foi assumido pela maioria dos cândidos à compra desta firma.
Ao invés, o IGEPE teve propostas de diversas entidades que pretendiam desenvolver outras actividades no lugar da fábrica, entre elas a transformação das instalações em lojas, armazém ou local de culto religioso.