Pelo menos 10 dos 28 autocarros de marca Yutong adquiridos em 2007 pelas autoridades moçambicanas na China encontram-se paralisadas devido a avarias cuja solução não existe no mercado interno. O Governo moçambicano comprou um lote de 17 autocarros desta marca chinesa há três anos para a empresa pública Transportes Públicos de Maputo (TPM), número que subiu para 28 unidades com a aquisição de mais unidades da mesma marca no ano seguinte.
Contudo, na região austral de África não existe nenhum agente especializado na prestação de assistência técnica e este tipo de viaturas, por isso, a TPM tem de recorrer ao mercado chinês para resolver qualquer tipo de avaria destas viaturas. Por exemplo, em princípios de 2009, dois autocarros Yutong ficaram paralisados porque tinham os pára-brisas danificados e empresa levou algum tempo para importar, porque a comprão só podia ser feita no mercado chinês.
Falando na semana passada a imprensa, o presidente do Conselho de Administração (PCA) da TPM, Domingos Fernando, confirmou que apenas 18 dos 28 Yutong da empresa se encontram agora operacionais. “Não vamos abater os outros”, disse ele, acrescentando que “temos projecto com vista a usa reparação”. Segundo Fernando, uma das actuais perspectivas da TPM é importar acessórios para recuperar os autocarros ora paralisados, trabalho que irá contribuir para o reforço da frota automóvel da empresa ainda aquém de responder as necessidades do público da cidade e província de Maputo.
Do lote de autocarros Yutong, quatro eram movidos a gás natural com largas vantagens para a empresa por ser um combustível de baixo preço, menos poluente e não vulnerável ao roubo, quando comparado ao gasóleo, porém estão todos agora inoperacionais. Os Yutong, segundo Fernando, têm como principais desvantagens a não provisão de peças acessórios pelo agente, avarias constantes no sistema de alimentação do motor e falta de formação do pessoal técnico do TPM para lidar com este tipo de autocarro.
Em Fevereiro último, o Ministro dos Transportes e Comunicação, Paulo Zucula, reconheceu que a aquisição destes autocarros “foi um mau negócio entre o Governo e a empresa chinesa que nos forneceu aqueles”. Segundo Zucula, a falha do Executivo pode ter sido na fase de “procurement”, com particular destaque para a falta de clareza e especificidades técnicas dos autocarros compradas e, eventualmente, do preço baixo oferecido pela empresa chinesa.
Na verdade, por cada autocarro Yutong novo, a empresa chinesa cobrava 3.737 milhões de Meticais (141 mil dólares no câmbio da altura), preço considerado barato quando simplesmente comparado ao valor de entre oito e 10 milhões de Meticais que se cobrava por cada viatura da marca VW. Contudo, recentemente o fabricante de Yutong informou a empresa TPM que agora possui novos autocarros adequadas a realidade moçambicana, linhas desenvolvidas depois de se conhecer as características reais do mercado local.