David Cameron, o líder que renovou o Partido Conservador britânico, realizou na terça-feira o desejo de tornar-se primeiro-ministro e levar os ‘Tories’ ao poder depois de 13 anos de trabalhismo.
Cameron, que será o chefe de governo britânico mais jovem em quase dois séculos, sofreu mais que o previsto para alcançar seu objectivo. “Não entrei na política para fazer coisas pequenas”, advertiu recentemente Cameron, que mesmo não tendo a maioria absoluta requerida para governar, beneficiou-se nas urnas da impopularidade recorde do primeiro-ministro trabalhista. Nos cinco anos transcorridos desde que assumiu a liderança do Partido Conservador, com apenas 39 anos e sendo praticamente um desconhecido, o desenvolto Cameron fez esquecer os tempos da implacável Margaret Thatcher e transformou o partido em uma alternativa concreta ao trabalhismo.
Ele viajou ao centro do país, modernizou a agenda conservadora centrada nos impostos e na imigração, adicionando temas mais “vendáveis” como o meio ambiente e os serviços públicos, e abriu os cargos de confiança a jovens, mulheres e outras minorias. No entanto, seus detratores lhe reprovam a falta de experiência – sobretudo no contexto atual de frágil recuperação econômica depois da pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial. Descendente directo do rei William IV (1830-1837), David Cameron nasceu em 9 de outubro de 1966 de uma família rica liderada por um pai que era corretor da bolsa.
Cresceu numa pequena localidade no condado de Berkshire. Como seus três irmãos, teve uma educação privilegiada. Aos sete anos, entrou na escola Heatherdown, que teve entre seus alunos os príncipes Andrew e Edward da Inglaterra, depois foi para o elitista Eton College e, finalmente, para a Universidade de Oxford, de onde saiu em 1988, licenciado em Filosofia, Política e Economia. Apesar de ter militado politicamente na universidade, entrou imediatamente para o Partido Conservador. Depois de colaborar com o ex-premier John Major na preparação de seus discursos no Parlamento, assessorou vários ministros.
Em 1993, contudo, deixou temporariamente o partido para ser diretor de comunicação no grupo de mídia Carlton, onde aperfeiçoou seus dotes de Relações Públicas e aprendeu a lidar com a imprensa. Sua experiência no sector privado foi concluída em 2001, quando ganhou uma cadeira parlamentar. Sua ascensão no partido “Tory” foi meteórica. Em 2004, entrou no gabinete de oposição e em 2005 obteve a liderança graças, em parte, a um discurso feito de memória no qual defendeu “uma nova geração de conservadores”. A mudança do estilo daquele que uma vez apresentou-se como “herdeiro do Blair” não se limitou à política.
Cameron deixou que os veículos da imprensa explorassem sua faceta de pai de família, casado desde 1996 com Samantha – também da aristocracia britânica, mas mais boêmia que o marido – e com três filhos, sendo que o maior deles, Ivan, que nasceu com graves deficiências, morreu em fevereiro de 2009, aos seis anos. E na esteira de Blair, cujo quarto filho nasceu em Downing Street, Cameron e sua mulher anunciaram recentemente que esperam outro bebê para setembro.