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Grécia: a greve geral degenera, fazendo três mortos

Grécia: a greve geral degenera

Violentos confrontos explodiram esta quarta-feira em Atenas entre jovens e policiais, durante grande manifestação contra o plano de austeridade imposto à Grécia, matando três pessoas no incêndio de um banco provocado por um coquetel Molotov. A polícia foi colocada “em estado de alerta geral” ante os graves incidentes que começaram no início da tarde, hora local.

A calma só chegou horas mais tarde, com as autoridades prometendo deter os responsáveis pelos tumultos. Ante o Parlamento, o primeiro-ministro grego Georges Papandreou condenou o “ato brutal” que custou a vida a três pessoas. “Eis onde leva a violência sem limite”, acrescentou, defendendo mais uma vez “decisões difíceis e responsáveis” tomadas “para salvar o país”. “Nosso país está à beira do abismo”, afirmou por sua vez o presidente Carolos Papoulias, apelando a todos os gregos a não se excederem, “precipitando-nos no vazio”.

A manifestação desta quarta-feira, por ocasião de greve geral organizada pelos grandes sindicatos gregos, é considerada uma das mais importantes em Atenas dos últimos 20 anos. Um grupo de manifestantes usando capuzes quebrou a vitrine de uma agência do banco Marfin e atirou dentro uma garrafa incendiária, ateando fogo ao local, no momento em que 20 pessoas estavam em seu interior. Três funcionários do banco – duas mulheres e um homem – morreram asfixiados no incêndio, informou a polícia.

Segundo o Corpo de Bombeiros, cinco feridos estão hospitalizados. Dezenas de jovens atiraram coquetéis Molotov contra lojas, um furgão da polícia, um veículo dos bombeiros e um escritório da Fazenda, constataram correspondentes da AFP. Não longe deste local, confrontos violentos foram registrados diante do Parlamento grego, onde a comissão de assuntos econômicos examinava um plano de austeridade sem precedentes adotado domingo pelo governo, em troca de ajuda financeira de 110 bilhões de euros em três anos por parte do Fundo Monetário Internacional (FMI) e dos países da zona euro.

Os conflitos opunham jovens e a polícia de choque, segundo jornalistas da AFP. Os agentes responderam com granadas de gás lacrimogêneo, cujo vapor invadiu e centro da capital, dispersando os manifestantes. Pelo menos 12 pessoas foram detidas, segundo a polícia, que registrou 29 agentes feridos. O plano de austeridade, que prevê reduzir o déficit público abissal da Grécia de 30 bilhões de euros em três anos, deve ser submetido nesta quinta-feira à votação do Parlamento, onde o governo socialista dispõe de maioria confortável.

Os sindicatos dos bancários convocaram uma greve para esta quinta-feira, alegando que “o acontecimento trágico” de quarta-feira era “consequência de medidas antipopulares que estimularam a ira”. “Não é senão o início de uma grande guerra”, afirmou, durante a manifestação, Hélène Galani, que participou da greve geral, a terceira, em menos de três meses. “Vimos tudo o que aconteceu nos países nos quais o FMI interveio”, afirmou Jim Zach, contador do Estado, “eles demitiram muitas pessoas, fecharam hospitais”.

As manifestações reuniram, segundo a polícia, cerca de 30.000 pessoas em Atenas e 20.000 em Salônica, a segunda cidade grega, no norte do país, onde também foram registrados incidentes entre jovens e a polícia. Segundo jornalistas da AFP, várias dezenas de milhares de pessoas tomaram as ruas da capital.

O presidente da UE, Herman Van Rompuy, declarou que “todos os pensamentos” dos europeus estavam voltados para “as vítimas em Atenas”. O secretário de Estado francês das relações europeias Pierre Lellouche expressou “emoção” com estas mortes, diretamente ligadas ao arrebatamento dos mercados”.

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