Lançado em 2009, o projecto de formação da comunidade para o aproveitamento dos produtos alimentares em termos de nutrientes e geração de renda, denominado Cozinha Moçambique, já formou mais de mil pessoas nas províncias de Maputo, Gaza e Inhambane.
O Cozinha Moçambique é um projecto de formação da comunidade levado a cabo pelo Instituto para a Promoção das Pequenas e Médias Empresas (IPEME), instituição subordinada ao Ministério da Indústria e Comércio. “Este é um projecto virado somente para as comunidades e não necessariamente para os empresários”, afirmou Ernesto Mafumo, director- adjunto do IPEME. O objectivo desta iniciativa é transmitir as boas práticas de colheita, visto que se têm registado muitas perdas em termos de qualidade e propriedades nutritivas do produto alimentar, tanto antes como depois do processo da colheita do mesmo.
“Neste pacote ensinamos matérias que devem ser observados durante a colheita e o manuseamento dos produtos”, disse Mafumo acrescentando que, muitas vezes, quando se compra um cacho de banana, quase metade das bananas encontra-se eventualmente em estado pouco recomendável para o consumo e este facto deve-se, sobretudo, a problemas de manuseamento. O programa foi lançado em 2009 e até ao mês passado foram formados 1350 indivíduos nas províncias de Maputo, Gaza e Inhambane, pretendendo- se ainda neste ano alastrar as actividades para a zona centro do país.
“A unidade móvel está no distrito de Guru a dar formação. Em cada distrito formamos 60 pessoas, das quais trinta são multiplicadores, enquanto outra componente é dada na vertente utilização de conhecimento”, explicou aquele responsável. Os conteúdos do Cozinha Moçambique são acessíveis a todos os moçambicanos, porém, o IPEME prioriza as mulheres, jovens e pessoas que têm sob seus cuidados um familiar padecendo de SIDA. “A própria metodologia de transmissão foi concebida de modo que o indivíduo não precise de ter o nível básico ou secundário”, acrescentou o nosso interlocutor.
O Cozinha Moçambique conta com a parceria do Conselho Nacional do Combate ao SIDA e é por esta razão que a formação privilegia indivíduos que têm um familiar afectado. Por outro lado, pretende-se com a iniciativa que as pessoas sejam capazes de usar da melhor forma possível, aproveitando ao máximo, os produtos que têm no local onde vivem para fazer um pequeno negócio evitando o desperdício depois da colheita e usar integralmente o produto.
“Quando comemos o ananás deitamos fora a casca, mas com ela se pode fazer sumo. Não precisa de conservantes e o indivíduo ganha o elemento nutricional e renda, se comercializar”, concluiu Mafumo.