O presidente da Polônia Lech Kaczynski morreu num acidente de avião na manhã deste sábado em Smolensk (oeste da Rússia). Além do presidente Kaczynski, de sua esposa, morreram os principais comandantes do Exército polonês, o governador do Banco Central e o chefe do Comitê Olímpico do país.
A Polônia decretou luto de uma semana anunciou Bronislaw Komorowski, chefe de Estado interino. Komorowski é presidente da Dieta (câmara baixa do Parlamento) que passou a ocupar as funções de presidente da República, de acordo com a Constituição.
Lech Kaczynski, eleito presidente da Polônia em outubro de 2005, era um jurista conservador e profundamente católico procedente do movimiento anticomunista Solidaridade de Lech Walesa. Junto ao irmão gêmeo, o ex-primeiro-ministro polonês Jaroslaw Kaczynski, entrou no final dos anos 1970 na oposição anticomunista e, em 2001, fundaram juntos o partido Direito e Justiça.
De julho de 2006 a novembro de 2007, os dois irmãos governaram juntos a Polônia – Lech como presidente e Jaroslaw como chefe de Governo.
Sucessor do social-democrata Aleksander Kwasniewski, Lech Kaczynski defendia a reconciliação com a Alemanha e a Rússia, ao mesmo tempo em que explorava o temor ainda sentido por alguns populares pelos dois grandes vizinhos. Também defendia uma profunda reforma da Polônia com base “na justiça, na solidaridade e na honra”. Depois de sua vitória em 2005, Lech Kaczynski explicou que seu irmão, 45 minutos mais velho, “sempre o incentivou a ir adiante”.
Para não colocar empecilhos no objetivo de Lech de ser presidente, Jaroslaw havia renunciado em 2005 ao cargo de primeiro-ministro, embora tenha conservado o muito influente posto de presidente de seu partido. Lech e Jaroslaw começaram a se destacar no país aos 12 anos, quando atuaram num filme para crianças. Seu compromisso contra o comunismo, então no poder, valeu a Lech ser confinado junto com outros milhares de militantes do Solidaridade, durante a instauração da lei marcial, em 13 de dezembro de 1981.
Liberado ao final de 11 meses, tornou-se, com o irmão, um colaborador do líder histórico do primeiro sindicato livre do mundo comunista, Lech Walesa, de quem acabou se distanciando nos anos 1990. Lech era casado, tinha uma filha e um neto. Jaroslaw é solteiro e vive com a mãe. Partidário do intervencionismo econômico, transmitia a imagem de político experiente e honesto, fama que forjou ocupando os cargos de presidente do Tribunal de Contas, ministro da Justiça e prefeito de Varsóvia.
Como ministro da Justiça trabalhou contra o crime organizado e promoveu um sistema jurídico rigoroso e repressivo. “Sou e serei partidário da pena de morte”, afirmava abertamente. Fiel a suas convicções conservadoras, proibiu várias manifestações de homossexuais em Varsóvia.