A Liga da Juventude do Congresso Nacional Africano (ANC), no poder no Congresso da África do Sul, defendeu, esta segunda-feira, uma canção herdada da luta contra o apartheid que chama-se “Matar os Boers” (agricultores brancos), acusada de criar um clima propício à morte do extremista Eugène Terre’Blanche.
“É irresponsável tentar ligar essa canção à morte de Terre’Blanche. Não tem nada a ver”, declarou à imprensa Julius Malema, líder da Liga da Juventude do ANC, durante uma visita ao Zimbábue. Por considerar que a música incite ao ódio racial, dois tribunais sul-africanos proibiram o canto de luta, revivido recentemente por Malema.
A polêmica cresceu em torno dessa canção depois do assassinato, no último sábado, de Eugène Terre’Blanche, um líder da ultradireita espancado até a morte por dois de seus trabalhadores agrícolas por não ter pagado os seus salários. Os partidos de oposição acreditam que a música “Matar os Boers” poderia ser entendida como uma incitação à violência contra os brancos e contribuiu indiretamente para o crime.
Certos membros do Movimento de Resistência Afrikaner (AWB), ao qual pertencia Eugène Terre’Blanche, cantaram em represália “Matar Malema”. “Eu não tenho medo”, retorquiu. “Eu não vou deixar a extrema direita me aterrorizar. Se eles querem briga, eles me encontraram pronto”, continuou.
Julius Malema, conhecido por suas declarações polêmicas, era famoso por ter declarado “esteja pronto para matar” para defender Jacob Zuma durante sua ascensão à presidência da África do Sul.