Pelo menos 30 pessoas morreram e 224 ficaram feridas em três atentados suicidas com carros-bomba, dois deles contra as embaixadas do Irão e do Egito, que num intervalo de poucos minutos estremeceram Bagdá neste domingo.
O ministro iraquiano das Relações Exteriores, Hoshyar Zebari, afirmou à AFP que os ataques têm a “marca” da rede terrorista Al-Qaeda e lembram os atentados dos últimos meses contra hotéis e ministérios. Os ataques aconteceram por volta das 11H20 locais (5H20 de Brasília). “Os ataques são atentados suicidas contra as embaixadas do Egito e do Irã”, afirmou Qasem Ata, porta-voz do comando militar de Bagdá.
Dois atentados com carros-bomba, claramente coordenados, foram executados no bairro de Mansur, zona oeste da capital, que abriga várias embaixadas. A embaixada do Egito em Mansur foi muito danificada e ficou parcialmente destruída. O outro ataque no bairro atingiu as embaixadas da Alemanha, Espanha e Síria. Minutos depois, outra explosão aconteceu perto da representação diplomática do Irã no bairro de Salhiyeh, centro de Bagdá.
“Vi o caminhão avançar lentamente. Três seguranças abriram fogo para deter o veículo, mas continuou avançando e explodiu”, contou Said Mohammed, que testemunhou o ataque. O homem-bomba conseguiu passar por vários postos de controle antes de detonar os explosivos, a poucos metros da entrada. Diante da entrada da embaixada iraniana, o pânico tomou conta de todos. Uma cratera de pelo menos cinco metros de diâmetro era visível.
O encarregado de negócios iraniano em Bagdá, Kazem Sheikh Forutan, declarou não ter conhecimento de nenhum funcionário da representação ferido no atentado. “A explosão foi muito forte”, afirmou o taxista Abu Ahmed. “Nunca matam ministros ou chefes de Estado. Sempre são os taxistas, os funcionários e os comerciantes as vítimas. Quanto tempo isto vai durar?”, questionou, muito abatido.
Os atentados aconteceram no momento em que os partidos políticos negociam a formação do próximo governo, quase um mês depois das eleições legislativas de 7 de março. A votação foi vencida pela coalizão do ex-premier laico Iyad Allawi, mas os resultados são questionados pelo chefe de Governo, Nuri al-Maliki. O governo dos Estados Unidos, que deve retirar as tropas de combate do Iraque em agosto, já advertira contra a possibilidade de ação da Al-Qaeda no vazio de poder após as eleições.
Apesar de uma redução considerável da violência no Iraque nos últimos dois anos, os atentados continuam sendo frequentes, especialmente em Bagdá e na cidade de Mossul, norte do país. O número de vítimas aumentou em março, com 367 pessoas mortas em atentados ou atos de violencia, o que representa uma alta em relação ao mês anterior.
Os últimos atentados violentos na capital haviam acontecido no dia das eleições, 7 de março. Mais de 30 pessoas morreram e 110 ficaram feridas em ataques com bombas e morteiros. Em 27 de março, 52 pessoas morreram e 73 ficaram feridas em dois atentados na região de Baaquba. Os ataques aconteceram menos de uma hora antes do anúncio dos resultados das legislativas.
Após as eleições, o braço iraquiano da Al-Qaeda ameaçou prosseguir com a campanha de violência, com ataques aos partidos políticos iraquianos. Em um discurso divulgado nos sites extremistas, o líder do grupo Exército Islâmico do Iraque, Abu Omar al-Baghdadi, afirmou que “uma campanha militar coordenada teve início em Bagdá e todo o Iraque para quebrar o ídolo da democracia e das eleições politeístas”.