Esqueça o que pensa serem os efeitos especiais melhores que já viu e seja bem-vindo ao cinema do futuro. Sente-se e relaxe, se conseguir… A capacidade de fazer sonhar faz do cinema a forma de entretenimento mais popular em todo o mundo.
Mas desde que os irmãos Lumière o deram a conhecer em 1895, este precioso instrumento cultural sofreu variadas e fantásticas evoluções técnicas. E hoje os efeitos especiais e visuais, a computação gráfica e a realidade virtual marcam mais um ponto de viragem tão espectacular como a sincronização do som com a imagem ou a introdução da cor.
Mas em termos de evolução, esta sétima arte parece ainda ter muito que surpreender. Foi em 1902 que foram usados os primeiros efeitos especiais ainda a preto e branco no filme “A Viagem à Lua” que imaginou com realismo para a época um lugar que só mais de 60 anos depois foi possível comprovar fisicamente.
Também os truques com os cenários de fundo azul ou verde que põem actores em qualquer canto do mundo sem saírem do estúdio já têm alguns anos e até os actores digitais já datam de 1980. A diferença hoje é que estas personagens sintéticas têm vida própria graças à inteligência artificial. Além de serem pré-programados, os actores virtuais armazenam informação na memória que os faz decidir sobre a melhor resposta numa determinada cena.
A reacção pode ser completamente inesperada, como aconteceu no “Senhor dos Anéis” em que foram criadas personagens a quem foi dado determinado comportamento e capacidade de se aperceberem do que se estava a passar à sua volta, para que reajam de acordo com os estímulos que estão a receber. E naquela multidão foi muito engraçado ver grupos de personagens que nos parecem humanos que continuam a atacar, e outros que fogem porque uma pedra cai muito próximo deles, ficam com medo e fogem. Do lado oposto a esta humanização de personagens virtuais está o poder que a tecnologia dá aos actores de carne e osso. Homens melhorados ou com capacidades sobre-humanas podem ser vistos de uma maneira tão real que quase acreditamos que têm superpoderes.
Este é o desafio das equipas responsáveis pela computação gráfica que têm de humanizar personagens e ultimamente recriar actores em formato digital. Há vinte e cinco anos James Cameron lançou “O Exterminador do Futuro”, um filme que marcou a época e apresentou uma nova forma do cinema de acção. Sete anos depois, Cameron revolucionou os efeitos especiais com “O Exterminador do Futuro 2”: os efeitos realizados com o T-1000 eram fascinantes. Depois do “Titanic”, lançado há doze anos, Cameron vem aplicando dinheiro e tecnologia para produzir aquele que pretende ser mais um marco na história do cinema: “Avatar”. Filmado todo em 3D, ou seja, captando as imagens e digitalizando- as automaticamente, podendo fazer directamente a interacção entre efeitos especiais e os actores.
Cameron disse o seguinte: “(a filmagem em 3D) é a forma de criação pura em que se você quiser mover uma árvore ou uma montanha ou o céu ou mudar o tempo do dia, você tem completo controlo sobre os elementos.” Avatar proporciona-nos uma inovadora e maravilhosa experiência de mergulhar de cabeça na tecnologia revolucionária que foi inventada para a realização do filme, mas essa mesma tecnologia vai decompondo na emoção dos seus personagens e de nós que estamos sentados e fascinados com uma óptima história. …Tudo parece ser possível na sétima arte dos nossos dias que parece estar a gastar menos em filmes cada vez mais espectaculares, tudo graças ao avanço da tecnologia.