Sou fã dos Xutos & Pontapés. Uma banda rock com mais de trinta anos e que será sempre imortal no meu imaginário. As letras das músicas encaixam tão bem que causam catarses* brutais! Sejam eles sentimentos de amor, revolta, paixão, reivindicação, ilusão, diversão ou nostalgia.
Uma das canções do seu imenso repertório chama-se o “Mundo ao contrário” e, a par com a letra, tem um videoclip de eleição com os actores escolhidos a dedo! Foi a banda sonora de um filme que – ironicamente – se chama “Sorte Nula” e conta, de forma cómica, as “coisas” do destino. Foi assim que encontrei 2010. Andava toda entusiasmada com o ‘TwentyTen’ e auspiciava o início de mais uma década marcante como aconteceu em 2000! Andávamos todos em euforia e nem o prenúncio do fim do mundo anunciado por alguns ‘experts’ na matéria estragou a mudança de século aliada a outras mudanças mundiais, hormonais e espirituais! Esta década temos tido uma sorte-nula.
Começou com terramotos, os mais gritantes no Haiti e Chile, agora as cheias na zona centro do nosso país, até parece que o mundo tem andado ao contrário. Nos relacionamentos também há coincidências e os desencontros atingem mais de 7º graus de magnitude na escala Richter! Se estivéssemos a falar em linguagem meteorológica podíamos fazer um paralelismo e assumir que as emoções andam ligeiramente em maior desatino “que a média, mas ainda é uma incidência dentro dos parâmetros normais”. Trocando isto por miúdos sinto que os fenómenos naturais e as manipulações no ambiente também acabam por mexer com o nosso interior e é preciso reflectir e encontrar uma nova direcção no futuro que construímos dia-a-dia.
Para que a terra não volte a tremer dentro de nós, como aconteceu esta semana na Turquia, precisamos de ser menos imediatos e trabalhar a atitude. Volto a concentrarme no meu pequeno Universo e tenho reparado que está na moda a busca de uma espiritualidade, a onda das “energias” é muito ‘in’ e classe média e alta que se preze recorre a um centro holístico atrás do transcendental porque fica bem estar num jantar e puxar dos galões do yoga, meditação, reiki ou ‘wara wara’**. O Facebook, do qual sou ‘aholic’, é o espelho dessas vaidades que sabem tão bem guardar para nós na medida do Ser espiritual.
Começa a ser ‘boring’ (voltei aos estrangeirismos) ouvir falar de tanta (sem) energia e não sentir nada à volta a não ser manifestações tolas do EU. Enquanto isso – esse vigor – perde-se no infinito e gera cruzamentos desnecessários para o nosso bem-estar. Atenção que não sou contra a espiritualidade, desde que ela seja verdadeira.
Também lá vou quando acredito que pode mudar alguma coisa aqui no fundinho! De volta à sorte-nula acredito que ainda vamos a tempo de anular estas tempestades e evitar terramotos emocionais para impedir o Mundo ao contrário. Dedico estas linhas àqueles que já não estão, aos que não podem estar e a vocês 🙂 Um bem-haja, WAKIGUELWA! http://www.youtube.com/ watch?v=sn-X0FZq12M *purificação, purgação **significa “nada”