O vencedor do Prémio Leya 2009, um dos mais valiosos na CPLP, o moçambicano João Paulo Borges Coelho, deseja que a obra laureada tenha junto dos leitores “o mesmo ou mais reconhecimento que o obtido na crítica”. João Paulo Borges Coelho ganhou o Prémio Leya 2009, no valor de 100 mil euros, com a obra inédita O Olho de Hertzog, que será lançada no próximo dia 10 em Maputo e em datas ainda por anunciar em Portugal, Angola e Brasil.
“A opinião da crítica do júri do prémio é muito respeitável, por ser especializada, mas reflecte a posição de poucas pessoas. Quem dá sentido e maior reconhecimento são os leitores”, disse João Borges Coelho, também docente na Universidade Eduardo Mondlane (UEM), a maior e mais antiga instituição de ensino superior em Moçambique. O escritor admitiu que o facto de a obra ter sido galardoada pode ter-lhe dado visibilidade, mas a extensão do impacto só será avaliada após a publicação.
“É difícil calcular se o Prémio terá impacto na opinião dos leitores sobre a obra, mas o reconhecimento da crítica fez com que o livro fosse conhecido antes até de ser divulgado”, frisou o escritor moçambicano. João Borges Coelho também reconhece que o facto de a obra ter conseguido projecção através do Prémio Leya pode ter merecido junto da editora um tratamento especial no percurso para a divulgação. Sem se propor prazos, o escritor afirma que já está a trabalhar “nalgumas coisas” para divulgação.
O júri do Prémio Leya 2009, presidido pelo poeta português Manuel Alegre, considerou que o Olho de Hertzog restitui “o contexto histórico dos combates das tropas alemãs contra as tropas portuguesas e inglesas na I Guerra Mundial, na fronteira entre o ex-Tanganica e Moçambique, o confronto entre africânderes e ingleses, a emigração moçambicana para a África do Sul, a reacção dos mineiros brancos, as primeiras greves dos trabalhadores negros e a emergência do nacionalismo moçambicano”.
João Paulo Borges Coelho recebeu na quarta-feira o Prémio, numa cerimónia a realizar na residência do embaixador de Portugal em Maputo. Na cerimónia de entrega do prémio estarão presentes, além do presidente do júri, Manuel Alegre, o Primeiro-Ministro de Portugal, José Sócrates (no segundo dia de uma visita de três a Moçambique) e o Presidente moçambicano, Armando Guebuza.