O vencedor da eleição presidencial da Ucrânia, Victor Yanukovich, tomou posse esta quinta-feira no Parlamento e se tornou o quarto chefe de Estado do país desde a independência em 1991 e cinco anos depois da ‘Revolução Laranja’. “Eu, Viktor Yanukovich, eleito presidente da Ucrânia pela vontade do povo, juro fidelidade a Ucrânia”, declarou, com a mão direita sobre a Constituição e sobre uma das edições mais antigas da Bíblia, do século XVI.
“Comprometo-me a defender por meio de todos meus atos a soberania e a independência de Ucrânia, assim como os direitos e liberdades dos cidadãos, e a reforçar a autoridade da Ucrânia no mundo”, acrescentou o político de quase dois metros, pouco eloquente e chamado pelos detratores de rude. O novo presidente ucraniano aproveitou o discurso de posse para afirmar que o país deve ser um “Estado europeu não alinhado”, em uma indicação de que não buscará a adesão à Otan nem a alianças militares lideradas pela Rússia.
“Os desafios que a comunidade internacional enfrenta significam que temos que nos unir em um formato mais amplo. Estamos dispostos a participar neste processo como um Estado europeu não alinhado”, declarou. Yanukovich já manifestara diversas vezes que não ser favorável à entrada da Ucrânia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e nunca demonstrou entusiasmo por uma adesão à Organização Coletiva do Tratado de Segurança (OCTS), liderada pela Rússia.
Yanukovich, 59 anos, sucede o pró-ocidental Viktor Yushchenko, que há cinco anos o derrotara na eleição presidencial. Na ocasião, a ‘vitória’ de Yanukovich, abertamente apoiado pela Rússia, foi anulada por fraudes sob a pressão da revolta popular pacífica e pró Ocidente, chamada de “Revolução Laranja”. Mas ele aprendeu a lição e conseguiu se recuperar politicamente em pouco timpo.
Em 2006 já voltara a ser primeiro-ministro, graças em boa parte às divisões internas no campo laranja. Na função de chefe de Governo, tirou proveito da desilusão reinante entre a opinião pública até se tornar uma alternativa. Viktor Yushchenko e a primeira-ministra Yulia Tymoshenko, vencida na eleição deste ano, mas que se nega a reconhecer a derrota, não compareceram à cerimônia de posse, que teve a presença de alguns líderes estrangeiros.