O livro “Eduardo Mondlane – Um Homem a Abater”, sobre a morte do fundador e presidente da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), do investigador português José Manuel Duarte de Jesus, vai estar disponível no mercado moçambicano o mais provável dentro de um mês.
A informação nesse sentido foi confirmada esta Segunda-feira à AIM pela Editora Almedina, à margem do lançamento do livro na Fundação Mário Soares, na capital portuguesa, Lisboa, cerimonia que contou com a presença de Eduardo (Edy) Mondle Junior, do patrono da fundação e ex-presidente português, Mário Soares, entre outras figuras.
José Manuel de Jesus, um diplomata reformado e doutor em História das Relações Internacionais pela Universidade Nova de Lisboa, defende na sua obra que a morte de Eduardo Mondlane foi orquestrada por várias entidades, incluindo a PIDE (Policia Internacional e de Defesa do Estado), instrumento do poder colonial fascista portugues.
“Estou convencido que (a morte de Mondlane) foi uma maquinação em que entraram várias entidades e não uma só”, diz o autor do “Eduardo Mondlane – Um Homem a Abater”. Trata-se de um livro baseado na tese de doutoramento apresentada pelo autor na Universidade Nova de Lisboa, em 2009, e teve como objectivo estudar ‘a figura singular de Eduardo Mondlane, entre os líderes africanos nacionalistas da década de 1960’.
Eduardo Mondlane foi morto por um engenho explosivo colocado numa cartapacote a 03 de Fevereiro de 1969, na Tanzânia, em plena luta de libertação contra o colonislismo português. Para o autor do livro, a explicação de que foi a PIDE “é demasiado simplista.
Pode ter havido um agente desta instituição que tenha sido um instrumento”. De acordo com José Manuel Duarte de Jesus, uma organização de extrema direita, fundamentalmente composta por franceses (da OAS – Organization de l´Armée Secrète), estava baseada em Portugal disfarçada numa agência de notícias, a Aginter Press, “que era um centro de terrorismo internacional”.
“Estas pessoas eram financiadas pela PIDE e por certos serviços de inteligência de países ocidentais”, sublinha Duarte de Jesus, acrescentando que estes infiltraramse na FRELIMO. Segundo ele, “esta organização, no fundo controlada pela PIDE, fomentou a divisão dentro da FRELIMO”.
“É uma morte que é complexa, estou a trabalhar neste momento sobre este assunto e espero chegar a conclusões um pouco mais concretas, mas não tenho dúvidas que há vários indícios que mostram que ele teria sido morto, eventualmente, por um grupo da FRELIMO manipulado por potências estrangeiras”, disse ele, salientando que poderá publicar uma nova obra sobre o assunto.
A apresentação do livro coube ao professor Adriano Moreira, um amigo de Moçambique e que se conheceu com Eduardo Mondlane em 1963. Falando durante a apresentação do livro, Eduardo Mondlane Junior, sublinhou estar honrado por ver alguém, já na fase final da carreira, motivado pela vida e obra do seu pai, Eduardo Chivambo Mondlane, arquitecto da unidade moçambicana.
O prefácio do livro foi escrito pela viúva de Eduardo Mondlane, Janet Rae Mondlane, que destaca que a “África e o mundo perderam um político com uma perspectiva pouco usual, um diplomata e académico que entendia as forças de pressão e guiava os movimentos sociais”.