A s concessionárias do ramo de produção de sisal implantadas em Monapo exercem um papel importante no desenvolvimento social das populações locais. Realça o administrador do distrito, Fernando Saíde, que, entretanto, deplora a aparente indiferença que caracteriza o comportamento manifestado pelas concessionárias do sector algodoeiro em relação à sua responsabilidade social.
Das quatro empresas de produção de sisal existentes no distrito de Monapo, apenas três se encontram operacionais, neste momento, nomeadamente de Mecucu, Ramiane e Meserepane, empregando na globalidade cerca de dois mil trabalhadores em regime efectivo e sazonal, o que, na óptica de Fernando Saide, constitui uma apreciável contribuição para o combate à pobreza.
Aquelas sisaleiras contribuem substancialmente, por outro lado, na elevação dos níveis de acesso aos cuidados de saúde, água potável e energia eléctrica da rede nacional produzida na Hidroeléctrica de Cahora Bassa. Segundo aquele governante, o centro de saúde de Ramiane que assiste as comunidades e os trabalhadores da sisaleira local, foi reabilitado e equipado com material hospitalar requerido a uma unidade apetrechada de maternidade, com financiamento dos proprietários daquela unidade agrícola e fabril. Para garantir a rápida evacuação dos doentes em estado grave para as unidades sanitárias de referência ao nível da província, os proprietários daquela unidade adquiriram uma ambulância, que tem tido um significativo impacto, sobretudo na redução dos índices de mortalidade.
O abastecimento de água potável em Ramiane e Mecuco, nos postos administrativos de Itoculo e Netia, respectivamente, conheceu melhorias profundas nos últimos dois anos a esta parte. Em Ramiane, o proprietário da companhia sisaleira local, Satar Abacassamo, financiou a realização dos trabalhos de abertura de três furos equipados das respectivas bombas de água, enquanto que em Netia está a patrocinar a operacionalização do pequeno sistema local, merce da aquisição de uma electrobomba, e a reabilitação da rede de distribuição da vila com cerca de 32 mil consumidores.
A electrificação dos postos administrativos sedes de Itoculo e de Netia, com uma população global estimada em 80 mil habitantes, contou com um forte patrocínio das sisaleiras de Ramiane e Mecucu, acção que se enquadrou nos trabalhos de extensão de uma linha de media tensão para alimentação das fábricas de processamento de sisal com energia eléctrica fiável, visando reduzir os custos com a aquisição de combustíveis que abasteciam os grupos geradores. Fernando Saide precisou, ainda, que o sector de sisal é aquele que menos conflitos regista entre os empregadores e a sua força laboral, fruto de uma boa relação entre ambas partes, incluindo as autoridades administrativas de Monapo.
Nas regiões de produção de sisal não se reportam casos de insegurança alimentar, porquanto os proprietários das plantações incentivam os produtores para a pratica de culturas alimentos particularmente milho, mandioca e feijões em consorciadas com aquela cultura de rendimento nas suas entrelinhas. No entanto, Fernando Saide lamentou o distanciamento que tem caracterizado o comportamento das empresas produtoras de algodão em Monapo, naquilo que constitui a sua responsabilidade social com as populações que trabalham no fomento do chamado “ouro branco”.
O entrevistado ressalvou que a única acção desenvolvida pelas algodoeiras em Monapo, que mereça realce, relaciona-se com os estímulos materiais concedidos aos líderes comunitários que se demonstraram empenhado na mobilização e sensibilização dos produtores a aderirem na produção do algodão, que está a conhecer uma redução drástica das áreas de cultivo comparativamente a cerca de cinco anos atrás.
Fernando Saíde vaticina que a crise de preços das fibras de algodão no mercado internacional tenha influência na capacidade financeira das concessionárias do chamado “ouro branco” em Monapo, onde está instalada a mais moderna fábrica de descaroçamento da cultura, pertença do grupo Sanam.
O distrito de Monapo é considerado o maior produtor de algodão na província de Nampula, com volumes médios anuais na ordem das 13 mil toneladas.