Se por um lado há quem exige que haja transparência neste país, por outro, há também quem diz não. Portanto, exigir transparência a certos dirigentes neste país, pode ser motivo de perder os seus bens e ter represálias de todo tipo, pior quando esta exigência da transparência é também feita através da comunicação social, como forma de pressionar os não transparentes.
O caso concreto vem do distrito de Gurúè, província da Zambézia, concretamente no posto administrativo de Lioma. Naquele distrito em geral, não tem sido fácil tecer qualquer crítica ao governo sob chefia de Fernando Remane Namucua, por sinal administrador distrital. Quem o faz está sujeito a muitos riscos na sua vida. Se fôr um comerciante verá a sua actividade a não ser reentável, professores, enfermeiros, em suma todos funcionários público que assim o procederem são logo transferidos para uma zonas lingícuas, recordando assim os velhos tempos de campos de reeducação.
Num passado não muito distante, um cidadão residente no Lioma, que se dá pelo nome de Francisco Gomes Zimba, comerciante naquela zona, viu seus bens serem retirados por uma ordem do respectivo administrador distrital, só porque ele exigiu transparência no uso dos Sete Milhões. Tudo isso começa quando, a Rádio Moçambique, Zambézia, publica um longo trabalho de investigação muito aturada no ambito da alocação dos Sete Milhões ao distrito nortenho de Gurúè.
Naquela procura de beneficiários, o jornalista encontrou Francisco Gomes Zimba, uma das fontes entrevistadas, por sinal também foi um dos beneficiários deste montante que é alocado para dar impulso ao desenvolvimento local. No projecto do visado, constava a instalação de uma indústria moageira naquele posto, como forma de salvar milhares de pessoas que percorriam muitos quilómetros até encontrarem este tipo de indústria. Durante o processo e como mandam as normas, Zimba, enviou ao governo distrital as facturas porformas, indicando o tipo de indústria que era compatível naquela região, incluindo o local onde poderia ser adiquirida.
Só que no acto de compra, o governo de Gurúè nem sequer respeitou o solicitado, tendo comprado uma indústria sem qualidade, que veio a funcionar em apenas trinta minutos, ou seja, logo na fase de experimentação a mesma parou. Já no dia 06 de Outubro do ano passado, Francisco Zimba, fez uma carta ao chefe do posto administrativo de Lioma, informando sobre esta avaria da moageira. Por seu turno, o chefe do posto respondeu, isto já no dia 27 de Outubro, que este assunto deveria ser canalizado ao governo distrital na pessoa do respectivo administrador por ser o chefe máximo do Conselho Consultivo Distrital.
Incansável, Zimba com despesas já apertando o cinto, seguiu as orientações que recebera no posto administrativo. Enviou uma carta ao administrador do Gurúè, isto no dia 4 de Novembro ainda do ano passado, relatando o mesmo assunto, avaria da moageira e que até ao momento ele apenas estava a sofrer com elevadas somas de pagamento do guarda. Aliás, numa das passagens da nota enviada ao administrador, Fernando Namucua pode ler e citamos: “Senhor administrador! Este projecto de moagem só está a trazer me Pobreza em vez de Combater”- fim de citação da carta enviada ao administrador.
E mais, o cidadão até propôs ao governo de Gurúè ou para trocar a indústria por não ser de boa qualidade ou se quiser que o governo deposite os valores para ele (Zimba) que vá comprar pessoalmente como sustenta o seu projecto e que dai em casos de avaria, ele pessoalmente iria assumir com todas responsabilidades. O administrador Namucua nem sequer respondeu o pedido deste cidadão. Desde Novembro que o expediente anda no gabinete do administrador.
Aliás, um documento em nossa posse mostra qque o mesmo deu entrada no governo distrital de Gurúè, concretamente no gabinete do administrador, como se pode ver no carimbo em uso naquela administração.Por ter falado a imprensa, Franscisco Gomes Zimba, agudizou o problema. E em reação desta exigência de transparência do cidadão, eis que o administrador daquele distrito exarou uma nota mandando que lhe sejam retirados todos bens, neste caso a moageira avariada, uma motorizada e a cessasão imediata do contrato entre este e administrador Namucua.
Numa nota enviada ao posto de Lioma e que este por seu turno fez a transcrição, só mostra claramente o tipo de governo que Gurúè tem. Não se pode exigir transparência nem por via escrita e muito menos através dos órgãos de comunicação social, porque senão o país vai ouvir o que se passa em Gurúè e dai o governo na pessoa de Fernando Namucua, ficará manchado.
Ai esta mais uma daquelas histórias de abuso de poder que se fala neste país. Há ainda dirigentes que usam os métodos de intimidação para se protegerem da incompetência e arrogância. Não será o caso de Gurúè? Quem põe mão neste caso? Não serão estes inoperantes que andaram a serem encobertados?