O Fundo de Investimento e Património de Abastecimento de Água (FIPAG) necessita de cerca de 1.8 mil milhões de dólares norte-americanos para a implementação do seu Programa de Investimento referente ao período 2022-2032, que prevê, entre outras acções, a consolidação do abastecimento de água nas zonas urbanas.
Enquanto não se mobiliza este valor, a instituição deve focar-se nos desafios que se impõem actualmente, que estão associados à eficiência operacional dos sistemas de abastecimento do precioso líquido, com destaque para a redução de perdas.
Segundo o ministro das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos, Carlos Mesquita, a par da redução das perdas, cujos níveis são considerados preocupantes, o FIPAG deve, igualmente, “dar primazia à qualidade da água, à eficiência energética, ao aumento da produção, à expansão e distribuição, aos estudos e identificação de mais fontes, à manutenção e aumento da cobertura, assim como à satisfação dos clientes”.
Carlos Mesquita falava segunda-feira, 5 de Dezembro, na cidade de Maputo, na cerimónia de abertura da Reunião Nacional de Balanço e Planificação 2022-2023 do FIPAG. Com a duração de dois dias, o encontro decorre sob o lema “Segunda Geração do Quadro de Gestão Delegada: Visão Estratégica face à Consolidação e Transformação Institucional”.
Na ocasião, o ministro referiu que os investimentos do Governo no sector de águas nos últimos 10 anos ascenderam aos 114 milhões de meticais, parte considerável dos quais foi aplicada na reabilitação, expansão e construção de sistemas de abastecimento em várias cidades e vilas do País.
Entretanto, prosseguiu, há necessidade de fazer mais, de modo a que até 2030 o País possa alcançar o objectivo número seis dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que consiste em assegurar a disponibilidade e gestão sustentável de água e saneamento para todos. Para tal, segundo as projecções, “o sector precisa de investir, anualmente, cerca de 200 milhões de dólares norte-americanos para o alcance das metas de Desenvolvimento Sustentável, o que representa um incremento de cerca de 140 milhões de meticais anuais relativamente à última década, devido ao contínuo crescimento populacional”, disse.
Estes números, considera Carlos Mesquita, demonstram a importância e pertinência do desenvolvimento e manutenção de boas relações de parceria com os financiadores, e neste aspecto o FIPAG é tido como um bom exemplo.
“Congratulamos o FIPAG pelo cumprimento do serviço de dívida, pois isso transmite credibilidade e confiança diante dos financiadores, ao mesmo tempo que abre espaço para que, futuramente, a mobilização de financiamento possa ser alcançada de forma mais célere”, sublinhou.
Por seu turno, o director-geral do FIPAG, Victor Tauacal, afirmou que o encontro acontece num contexto de mudanças, caracterizadas pela reforma institucional e implementação do Quadro de Gestão Delegada do Abastecimento de Água no País, que culminou com o lançamento, em Novembro último, das sociedades comerciais regionais de água, na cidade da Beira, em Sofala.
“Somos, ainda, confrontados com o nosso papel relevante na agenda financeira e socio-económica do País, pelo que, através de geração de receitas internas, os desafios da auto-suficiência, que asseguram a continuidade dos serviços e a estabilidade social dos trabalhadores, devem prevalecer na nossa prioridade, para além, da transferência de fundos para o Tesouro, com vista ao pagamento do Serviço da Dívida, de modo a assegurar a confiança dos nossos parceiros de financiamento”, concluiu.