Evo Morales asumiu esta sexta-feira pela segunda vez a presidência da Bolívia, com a promessa de consolidar sua política governamental de conteúdo indígena e estatizante e levar o país a um “socialismo comunitário”. Morales, o primeiro indígena a chegar à presidência desde a fundação da Bolívia, em 1825, proclamou o nascimento do novo “Estado Plurinacional” e a morte da velha república que – segundo a lógica governista – marginalizou camponeses e povos aborígenes.
O presidente, que governará até 2015, disse que “há um Estado colonial que morreu e um estado plurinacional que nasceu”. Morales afirmou – durante sessão pública na Assembleia Legislativa Plurinacional, que substitui o Congresso – que o estado colonial deixou a Bolívia como um dos países mais pobres da América Latina.
Participaram da solenidade os presidentes Michelle Bachelet (Chile), Fernando Lugo (Paraguai), Rafael Correa (Equador) e Hugo Chávez (Venezuela), além do príncipe Felipe de Espanha, autoridades de vários países do continente, Europa e África.
Morales assinalou que o caminho da nova Bolívia que ele pretende construir é o socialismo e criticou o ensino dado em alguns institutos militares quando aponta o socialismo como o inimigo que deve ser combatido. “É preciso mudar isso, o verdadeiro inimigo é o capitalismo, não o socialismo, e precisamos de novos oficiais com orientação ideológica”, remarcou.
Em relação ao perfil do novo Estado socialista, o vice-presidente Alvaro García, que falou antes de Morales, assinalou que os bolivianos devem ter como horizonte o socialismo comunitário, um conceito ainda pouco explicado pelo governismo. Para o vice-presidente, “o socialismo é bem-estar, é comunizar a riqueza, como faziam nossos antepassados (indígenas), mas com tecnologia e modernidade produtiva”.
Disse, no entanto, que alcançar este modelo de socialismo “não será fácil, talvez demoremos décadas, ou séculos. Como símbolos do nascimento deste “Estado Plurinacional”, Morales substituiu a histórica faixa presidencial de três cores (vermelho, amarelo e verde) e a medalha de ouro, brilhantes e quartzo que fazia parte da indumentária dos governantes.
A medalha foi dada de herança ao país pelo próprio libertador Simón Bolívar em 1826, sendo guardada no Banco Central da Bolívia. A nova medalha, semelhante, destaca o Estado Plurinacional da Bolívia, e na faixa presidencial foi desenhada a whipala, a bandeira axadrezada e multicolorida dos indígenas bolivianos. Morales chegou à presidência em 2006 quando recebeu 54% dos votos, e revalidou o cargo nas eleições de dezembro passado, quando obteve 64% dos sufrágios.