A abundância de recursos energéticos, em Moçambique, sugere a existência de um potencial de produção de energia eléctrica de aproximadamente 14 GigaWatt (GW), dos quais 5.7GW poderão ser desenvolvidos, num futuro breve, a partir de recursos hídricos, gás natural, carvão mineral e energia solar.
Esta projecção foi feita, na quarta-feira, 25 de Abril, em Maputo, pelo director da Banca de Investimentos do Standard Bank, João Guirengane, na sua apresentação sobre a “Visão Geral do Potencial Energético e Projectos Estratégicos em Moçambique”, efectuada na 6ª edição da MMEC-Conferência e Exposição de Minas, Energia, Petróleo e Gás de Moçambique.
Com uma capacidade actualmente instalada de cerca de 3.9GW, conforme destacou João Guirengane, o País tem a possibilidade de alavancar a vantagem geográfica para a instalação de centrais de geração de energia ao longo do Rio Zambeze, incluindo a barragem hidroeléctrica de Mphanda Nkuwa, a Central Norte de Cahora Bassa e as barragens de Boroma e Lupata.
“A existência de 23 biliões de toneladas de carvão mineral na província de Tete favorece aos projectos de geração de energia, bem como a descoberta recente de 187 triliões de metros cúbicos (tcf) de gás natural na bacia do Rovuma, em Cabo Delgado, irá permitir o desenvolvimento de projectos energéticos à base deste recurso”, enfatizou.
Num outro desenvolvimento, o orador indicou que o Standard Bank considera o sector energético crucial para o desenvolvimento e industrialização de Moçambique, sendo que o banco foi responsável pela estruturação e financiamento do primeiro projecto de geração de energia em modelo de IPP (Independent Power Producer), facilitando a construção da Central Gigawatt.
“O Standard Bank acredita que a nova fase de expansão do sector requer a reabilitação e expansão da rede de transmissão de energia e da espinha dorsal do País, esta última prevista no projecto CESUL, cuja linha de transmissão de energia eléctrica vai ligar as regiões Centro e Sul de Moçambique”, disse.
“A experiência que nós temos neste mercado é que é possível desenvolver estes projectos energéticos com recursos a empréstimos comerciais, mas torna-se necessário ter em conta certos riscos assentes na tarifa praticada no mercado, que tem que reflectir o custo de produção”, sublinhou João Guirengane.
O orador chamou à atenção para a necessidade de se mitigar determinados riscos, nomeadamente a diferença cambial e o custo de financiamento que tende a ser angariado em moeda estrangeira, enquanto a tarifa da venda da energia é fixada em meticais, o que acaba criando um risco sempre que a moeda nacional deprecia.
“Recomendamos que nos projectos futuros sejam inclusos parceiros comerciais e bancários, para que estes possam dar sugestões relativas à estrutura financeira, bem como a inclusão de companhias de seguro, para mitigarem o risco comercial nos projectos”, referiu, destacando a necessidade da observância de uma comunicação regular entre todos os intervenientes no processo, incluindo reguladores e o Governo.
Realizada com o apoio do Standard Bank, entre os dias 24 a 26 de Abril, a sexta edição da MMEC teve por objectivo debater sobre as diversas oportunidades de investimento que o País oferece nos sectores de mineração, energia, petróleo e gás. Para além de co-patrocinador do evento, o Standard Bank integrou os painéis que debateram a “Visão Geral do Potencial Energético e Projectos Estratégicos em Moçambique” e o “Mercado de GNL: Impacto dos projectos em curso e estratégia de monetização”.