Não se pode falar de máquinas de costura sem se mencionar o seu nome. Ela é proprietária das lojas Bernina e chama-se Rosa Maria da Conceição Amorim Jorge. Nasceu no longínquo ano de 1957, na cidade de Lourenço Marques, actual Maputo, mas muito cedo teve de trocar a Pérola do Índico pela terra de Camões, na companhia dos pais.
E como diz o provérbio, “o bom filho sempre regressa à casa”. Com ela não podia ser diferente. Regressou a Moçambique em 1994 e de lá até o presente tem conquistado o seu espaço na área empresarial.
Diz ter tido uma educação rigorosa pois estudou numa escola pertencente às irmãs da 1ª à 5ª classe do Antigo Sistema de Educação – entrava às 7 e saía às 17horas – e o 6º e o 7º anos no Liceu António Enes, a actual Escola Secundária Francisco Manyanga.
É casada?
Sou divorciada.
Tem filhos?
Não.
Diz que nasceu em Moçambique mas foi em Portugal que passou a maior parte da sua vida. Como é que isso aconteceu?
Tive de acompanhar os meus pais a Portugal, isso obrigou-me a parar de estudar. Comecei a trabalhar com 18 anos, isto é, em 1975. Trabalhava com os meus pais na área de costura. Fiquei em Portugal durante 19 anos.
Quando é que regressa em Moçambique?
Regressei a Moçambique em 1994.
Porquê?
Vim de férias e decidi ficar. Considero Moçambique um o meu paraíso perdido. Tinha imensas saudades da terra que me viu nascer.
Quando é que nasce a paixão pela costura?
A minha mãe era proprietária de uma butique, foi com ela que aprendi. Quando criança não dava importância à roupa porque não comprava. Em Portugal, tive uma fábrica de confecção e tirei cursos de costura, controlo de qualidade, tecidos, e peças.
Quando é que decide entrar para a vida empresarial? Comecei a investir em 1999. Fiquei representante exclusiva da marca Bernina, as melhores máquinas do mundo. No mesmo ano abri uma escola de formação na área de corte e costura modulares.
Vale a pena investir em Moçambique?
Com certeza. Eu tenho agora 25 colaboradores e tenho o retorno do meu investimento. Os investidores devem ter em mente que há leis a serem respeitadas no país.
O que gosta de fazer nos momentos livres?
Olha, há dez anos que não tenho momentos livres. A loja do Maputo Shopping Center não fecha, trabalha-se por turnos. Gosto de ir à praia, ver o pôr-do-sol, ouvir música, ler um bom livro e dançar na discoteca.
Qual é o seu escritor favorito?
O nosso Mia Couto. Gosta de cozinhar? Gosto, mas não por obrigação.
Qual é a sua praia predilecta?
Sou fã de todas as praias que o nosso país tem. Gosto de ir à Ponta D’ouro, e Santa Carolina. Gostava de ir à Ilha de Matemo, só não vou porque é caro. Moçambique tem muita coisa para mostrar ao mundo, no que diz respeito a praias. Só acho que há pouca divulgação.
E o seu hobby?
Não tenho hobbies, mas se tivesse que ter um seria a fotografia. Gosto de ver o pôr-do-sol, apreciar a paisagem e muito mais.
Gosto de fazer tudo o que seja manual e daquilo em que possa juntar todos os meus conhecimentos na área de decoração e costura.
Qual é o seu prato favorito?
Camarão no forno e caril de caranguejo.
Sente-se realizada?
Profissionalmente sim, mas não na sua plenitude.
E a nível pessoal?
Não posso revelar, quando chegar a altura digo.
Considera-se vaidosa?
Sim, quanto baste. Penso que todos devíamos ser.
Qual é o seu maior defeito?
Sou muito perfeccionista e impaciente. Não gosto de esperar que as coisas aconteçam. Gosto de as fazer acontecer.
E qualidade?
Sou amiga dos meus amigos, sou franca. Não escondo as minhas opiniões.
Qual foi o seu momento mais marcante?
A minha ida a Portugal foi o momento mais triste. Tive de abdicar de muita coisa, das quais a minha terra, Moçambique.
E o mais feliz?
O nascimento das minhas sobrinhas.