Faz, exactamente hoje, 25 anos que os ardinas em Maputo apareceram, pela primeira vez, na rua, com um jornal diferente, com o nome de “Semanário Fim de Semana”, impresso às sexta-feiras.
Diferente, porquê? Nessa altura, apenas circulavam os jornais impressos “Notícias”, “Savana”, “Demos” e “Diário de Moçambique” (na Beira). Contrariamente a estes jornais, no novo semanário não se escrevia sobre política, apenas assuntos sociais, do tipo: “Assassinou a sogra e violou-a já morta”; “Defunta proibida de ser enterrada: Só após pagamento de lobolo”. Temas destes, iguais aos que são hoje divulgados, em horário nobre, nas televisões nacionais, em programas do tipo “Balanço Geral” e até mesmo nas redes sociais.
Hoje, estes assuntos são corriqueiros, são vulgares. Mas naquele tempo, em 1997? Cinco anos após o Acordo Geral de Paz? Três anos após as primeiras eleições multipartidárias? O País ainda não estava preparado para estas notícias bombásticas, sensacionalistas, de títulos e fotos que ocupavam uma página inteira, vendendo-se papel apenas atraídos pelos títulos. Chegou-se, mesmo, a se fazer segundas edições, após se esgotar 15.000 exemplares de uma determinada edição, como foi o assassinato de Carlos Cardoso e de Siba-Siba Macuácua, da cabeça de Mpoto.
Foram 10 anos de circulação deste jornal, que marcou uma época em Moçambique, abrindo mentes e novos horizontes sobre como fazer um jornalismo diferente, animado e colorido em Moçambique. Deus nos perdoe por alguns excessos nossos.
Em 2008, fechamos o jornal “Fim de Semana”. Porquê? Já não fazia mais sentido lutar contra os noticiários diários da STV que nos roubava, diariamente, os nossos títulos que só seriam dados a conhecer, por nós, na sexta-feira seguinte; ou com os temas do “Balanço Geral” da TV Miramar. Agora, era a vez deles. É que nem sempre David consegue vencer o Golias.
Mudámos, então, para uma nova área de comunicação. Deixámos a comunicação social e aventurámo-nos na comunicação corporativa, a comunicação das empresas, com uma nova designação: não mais “Semanário Fim de Semana”, mas uma nova marca, embora parecida com a anterior, “FDS-Fim de Semana”.
Começámos a trabalhar, nesta nova área, com a então TDM, passamos para a então Mcel, aumentamos o nosso leque de clientes, começando também a trabalhar com o Standard Bank, Universidade Politécnica, Mcnet, Gapi, Cornelder, Águas da Região de Maputo, LAM, entre outros.
Nestes 25 anos, vivemos de tudo, aprendemos com todos, nas duas vertentes comunicacionais, desde a comunicação social, propriamente dita, à comunicação empresarial.
Se estamos satisfeitos? Sim, estamos. Crescemos todos os dias, apesar de termos sofrido e muito com o impacto das dívidas ocultas e da Covid-19.
Se repetiríamos tudo, outra vez, se voltássemos 25 anos atrás? Sim, repeteriamos tudo. Porque valeu a pena tudo. As nossas alegrias, as nossas lágrimas, as nossas frustrações, os nossos sucessos.
Tornaremos a falar de novo, daqui a mais 25 anos.
Viva o “Fim de Semana”!
Opinião de Leandro Paul