Pelo menos 21 porcento das espécies de água doce da África continental estão ameaçadas de extinção pela agricultura, extração de água, barragens e espécies exóticas invasoras, advertiu quinta-feira a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).
No lago Malawi, o Oreochromis karongae, uma fonte de alimentação importante, mas pescado excessivamente, viu a sua população diminuir 70 porcento nestes últimos 10 anos, indica um estudo da UICN publicado quinta-feira em París.
Após ter recenseado 191 espécies de peixes do lago Vitória entre Uganda (norte e noroeste), Quénia (nordeste) e Tanzânia (sul, sudoeste e sudeste), o mesmo estudo frisou que 45 porcento das espécies estão ameaçadas ou consideradas como extintas.
O lago cratera Barombi Mbo, nos Camarões, alberga 11 espécies de peixes em perigo devido à desflorestação e quantidades exponenciais de dióxido de carbono provenientes das profundezas do lago, de acordo com o documento.
A UICN advertiu ainda das ameaças de extinção a que estão sujeitos outros seres vivos de água doce, como moluscos, libelinhas, caranguejos e plantas aquáticas, que desempenham um papel essencial na manutenção das funções das zonas húmidas.
O estudo salientou igualmente que nas quedas, a montante do rio Congo, 11 espécies de moluscos, que vivem numa extensão de 100 quilómetros, estão em perigo por causa da poluição.
“África alberga uma diversidade surpreendente de espécies de água doce, cujo maior número só se encontra no continente.
Se não fizermos nada face à perda destas espécies, não só o continente vai perder irreversivelmente a sua biodiversidade mas também milhões de pessoas vão perder uma fonte essencial de rendimentos, de alimentos e de materiais”, alertou a UICN.